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Filhote de anta fica cego após incêndio na região do Parque das Emas

Animal teve 40% do corpo queimado. Biólogo estima que chance de sobrevivência é de 20%

Momento em que o animal foi resgatado (Foto: Reprodução / Arquivo pessoal)

Um filhote de anta, de aproximadamente dois meses de vida, ficou cego e teve 40% do corpo queimado após ser atingido por um incêndio, na região próxima ao Parque Nacional das Emas, no Sudoeste de Goiás. O animal foi resgatado na manhã desta quinta-feira (15), após ser encontrado por um trabalhador em um canavial na região do Morro Vermelho, que fica à 30 quilômetros do Parque. Segundo o professor e biólogo Airton Katsuyama, um dos voluntários que está cuidando do filhote, o animal apresenta ferimentos graves de queimaduras de terceiro grau e tem 20% de chance de sobreviver. “Mas não significa que vamos desistir dele!”, diz.

Ao Mais Goiás, Airton explica que realiza há 20 anos um trabalho de resgate e cuidado de animais silvestres em Mineiros e está acostumado a receber pedidos de ajuda. “Esse filhote foi um desses casos. A situação dele é delicada, pois perdeu os dois olhos, está cego, e teve 40% do corpo queimado. A probabilidade de sobrevivência dele é muito pequena, mas não seja por isso que a gente vai desistir do tratamento e da tentativa de salvar esse animal”, explicou o biólogo.

No dia em que chegou, o filhote recebeu soro para beber e teve ferimentos higienizados. Durante a noite desta quinta (15), o professor narra que o filhote estava bem e bastante ativo. “Ele [o animal] até tirou a botinha de proteção às patinhas dele. Com o fogo, ele perdeu todas as unhas e colocamos essa bota para protegê-lo”, detalhou.

Tratamento

Animal está sentindo dor, mas não pode ser completamente sedado, segundo o especialista (Foto: Reprodução / Arquivo pessoal)

Como são ferimentos graves, o animal está sentindo dor, mas não pode ser completamente sedado, segundo o especialista. “Como é um animal selvagem, se ele acha que não tem mais dor, começa a tentar fugir e gasta todas as energias dele nessa possível fuga. Isso tudo faz com que ele se machuque mais e piore a situação. Por isso, deixamos ele semi-sedado”, informou Airton.

Segundo Katsuyama, o foco agora é conseguir que ele sobreviva. “Agora, está mamando com muita vontade, isso é o melhor remédio para a sua recuperação. Por mais crítico que seja os ferimentos, está dando certo!”, afirma com alegria o voluntário.

Outros animais

De acordo com Katsuyama, é provável que muitos outros animais tenham ficado feridos durante o incêndio no Parque. Porém, por se tratar de uma área grande, o custo para ir em busca desses animais é alto e, por isso, muitas vezes a tarefa é deixada de lado.

“Com certeza centenas de animais morreram ou se feriram, mas é muito difícil e caro esse procedimento. Ninguém tem interesse nisso, essa preocupação praticamente não existe. Mas, existem pessoas que se preocupam com os que foram encontrados e resgatados. Eu já consegui ajudar ao longo do trabalho uns 6 mil animais, essa anta é só mais um”, explica. Segundo o Corpo de Bombeiros, ainda não há nenhum levantamento de quantos animais morreram.

Soltura

O filhote poderá voltar à natureza caso recupere a visão. Se permanecer cego, será encaminhado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama).

No Parque das Emas o incêndio se iniciou na última sexta-feira (9), depois que funcionários do parque construíam um aceiro e perderam o controle do fogo, mas já foi controlado. Segundo o ICMBio, estima-se que aproximadamente 30 mil hectares de vegetação do Cerrado foram destruídas pelas chamas, o valor corresponde a quase 43 mil campos de futebol.