Goiânia Leste

Finalizado inquérito sobre morte de jovem estuprada em UTI de hospital em Goiânia

Advogado da família relaciona procedimento de intubação à morte da jovem; delegado evita associação e UTI contesta versão do defensor. Médicos foram indiciados por imperícia e homicídio culposo

Inquérito sobre jovem que foi estuprada em UTI é finalizado

O inquérito que investiga a morte da estudante Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos, foi finalizado nesta terça-feira (19) e indicia os médicos Frederico Dutra Oliveira e Paulo Coutinho Seixo de Brito Júnior por homicídio culposo causado por imperícia médica. O relatório final, que possui 26 páginas, aponta que a equipe do Hospital Goiânia Leste não realizou procedimentos necessários para que a garota – que segundo as investigações, foi estuprada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade – fosse salva.

O delegado Washington da Conceição, que comandou a força-tarefa, diz que as investigações mostram que não houve atitude por parte da equipe que cuidava de Susy para cuidar de seu estado de saúde. O relatório aponta ainda que houve lesão na traqueia da jovem, causada por um procedimento de intubação, no entanto, o delegado não relaciona a morte da garota diretamente ao procedimento, como fez o advogado da família, Darlan Alves Ferreira.

O advogado falou ao Mais Goiás que a lesão na traqueia gerou sangramento e consequente embolia pulmonar, o que acabou vitimando Susy. Ele ainda se debruça sobre o material e deve decidir com a família sobre os próximos procedimentos a serem tomados.

O inquérito, que tem mais de 400 páginas, foi produzido pela força-tarefa, que ouviu mais de 70 pessoas e trabalhou com três delegados, 12 agentes e escrivães. Agora, o documento deve ser encaminhado para o Ministério Público, de onde pode seguir com a denúncia para a Justiça.

A empresa que cuida da UTI, OGTI, por meio da assessoria, contesta a versão de que a intubação pode ter causado a morte da jovem. Por meio de nota, a empresa reforça discordância também com as conclusões do delegado. Para ela, não há evidências de que a conduta dos médicos tenha provocado, direta ou indiretamente, a morte de Suzy.

No documento, a OGTI afirma que, “o próprio Laudo Médico-Pericial emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) é esclarecedor ao consignar a impossibilidade de se vincular objetivamente as condutas médicas, especialmente a necessária intubação orotraqueal – ao resultado morte da paciente. A UTI OGTI tem convicção que seu corpo clínico realizou todos os procedimentos possíveis e da maneira adequada no tratamento da paciente e aguarda a manifestação do Ministério Público, que certamente ratificará as conclusões técnicas do IML e solicitará o arquivamento do Inquérito Policial”.

O Mais Goiás não conseguiu localizar as defesas dos indiciados. O espaço, entretanto, lhes é garantido para manifestação.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informa que a sindicância instaurada para apurar se houve infração ética por parte dos médicos no atendimento à estudante Suzy Nogueira está em tramitação. O processo foi aberto em junho de 2019, logo que o Cremego tomou conhecimento da morte da paciente no Hospital Goiânia Leste.

Relembre o caso

Susy morreu no dia 26 de maio após ser abusada sexualmente por um técnico de enfermagem nas dependências da UTI em que estava. O suspeito, Ildson Custódio Bastos, se apresentou espontaneamente à delegacia e foi preso após expedição de mandado de prisão preventiva pelo juiz Alessandro Manso e Silva, da 7ª Vara Criminal. De acordo com a Polícia Civil (PC) câmeras de segurança flagraram quando o homem toca a vítima. O técnico de enfermagem segue preso.