FLURONA

Flurona na gravidez: entenda o risco e saiba como se cuidar

A contaminação simultânea por covid-19 e influenza apresenta riscos graves para qualquer paciente, mas ainda…

A contaminação simultânea por covid-19 e influenza apresenta riscos graves para qualquer paciente, mas ainda mais graves se a pessoa com o quadro clínico for uma gestante. O médico ginecologista e obstetra Diego Rezende, formado na Universidade Federal de Goiás e mestre em Ciências da Saúde, afirma que a flurona pode levar a mãe à insuficiência respiratória e outras complicações.

Há também o risco de morte da criança, como aconteceu com a mãe de 21 anos que perdeu o bebê no oitavo mês de gestação após ser diagnosticada com flurona, em Aparecida de Goiânia. Exames laboratoriais ainda vão confirmar se a dupla infecção de covid e influenza foram o motivo do óbito.

“Assim como as demais infecções respiratórias, o grande risco da flurona é de complicações maternas, incluindo formas graves de insuficiência respiratórias e da síndrome gripal.  Indiretamente, nos casos mais graves, pode levar ao abortamento no começo da gestação e parto prematuro nas fases finais, que pode evoluir para óbito fetal”, explica o médico.

Diagnóstico precoce é importante e ajuda na eficiência do tratamento

Não há evidências de que em casos de flurona ocorra a transmissão vertical, ou seja: a mãe transmitir o vírus para o bebê durante a gestação. Os indícios é que esse tipo de transmissão seja raro.

É importante que o diagnostico seja feito o mais breve possível, principalmente em casos de H3N2 pois existe um tratamento com antiviral. Se tratado corretamente nas primeiras 48 horas de infeção do vírus, a resposta ao tratamento é mais rápida e mais eficiente.

Não é possível identificar qual vírus contraiu através dos sintomas

Somente pelos sintomas não é possível identificar se a gestante contraiu covid-19, gripe ou flurona. Um exame laboratorial deve ser feito para que a gestante siga o tratamento correto.

“Não tem como identificar só pelos sintomas. Quando a gestante apresentar os sinais de infecção respiratória como febre, coriza, tosse e dor de garganta deve realizar um exame laboratorial pois esses sintomas aparecem tanto para covid quanto para gripe. De maneira geral, os quadros de influenza têm uma evolução mais grave e sintomas mais precoces, normalmente nas primeiras 48 horas os sintomas já aparecem”, diz Diego Rezende.

O médico explica que em casos de gestantes estáveis e que apresentam sintomas leves, a indicação é que a paciente siga com a gravidez e realize o parto normal, caso seja a orientação do médico. Para gestantes que apresentem quadros graves de flurona que possam comprometer a saúde do bebê, a indicação é que realize uma cesariana.

Aleitamento e contato com bebê não é contraindicado

Não existe contraindicação para o contato físico ou o aleitamento materno em casos de mães infectadas. Segundo o médico, a mãe pode manter o contato com o bebê e amamentá-lo normalmente. A orientação é que ela tenha os cuidados necessários como higienizar bem as mãos antes de ter contato com a criança e usar máscaras de proteção, principalmente durante a amamentação.

“Quando a mãe apresenta sintomas graves, normalmente ela está intubada ou com máscara de oxigênio e esse contato fica prejudicado. Não é proibido, mas ela não vai estar em uma posição adequada para amamentar, por exemplo. Nesses casos, a criança é levada para um berçário e é alimentada por fórmula ou por leite do banco de leite da maternidade, até que a mãe melhore e possa ficar com o seu bebê”, completa Diego.

Gestantes com comorbidades precisam redobrar os cuidados

Gestantes que apresentem alguma comorbidade, como diabetes, hipertensão ou que faça uso de corticoides precisam redobrar os cuidados, pois o organismo é mais debilitado. “Esse é o grupo que temos de dar uma atenção mais especial ainda porque essa gestante tem um maior risco de evoluir para uma forma grave com um desfecho mais desfavorável”, explica Diego.

O médico ressalta que apesar de se ter a impressão de que a flurona é mais grave que uma infecção isolada de covid-19 ou de influenza, ainda não existem estudos que comprovem essa tese. E por isso é importante que se tome os cuidados nos três casos.

Dicas para se cuidar durante a gestação:

  •    Vacina é eficiente

A vacina, tanto para covid-19 como para a gripe, é a forma eficiente de prevenir a doença. Ainda não se tem uma vacina que combata efetivamente a nova cepa da gripe (H3N2), mas o imunizante de cepas anteriores garante, parcialmente, a proteção contra o vírus.

  • Ventilação

Evite ambientes fechados e contato com pessoas infectadas. A exposição da gestante a novos patógenos durante a gravidez é arriscada devido a sua imunidade baixa.

  • Higiene

Lave frequentemente as mãos e não compartilhe objetos pessoais. Os aerossóis e contato com superfícies contaminadas são as formas mais comuns de transmissão dos vírus.

  • Procure ajuda médica

Busque atendimento médico assim que os primeiros sintomas aparecerem. No cenário atual, tosse, dor de cabeça ou dor de garganta não podem passar despercebidos e podem significar uma infecção de Covid, gripe ou flurona.

  • Não se automedique

É recomendável que evite todo tipo de medicamento durante as primeiras 12 semanas de gestação pois esse é um período importante para a formação dos órgãos vitais do bebê. Caso esteja infectada, ingerir apenas medicamentos receitados pelos médicos.

  • Faça exames

Faça exames laboratoriais sempre que necessário. Não é possível identificar o tipo de vírus através dos sintomas, somente um exame laboratorial pode dizer de qual vírus se trata e qual tratamento deve ser seguido.

  • Amamente

Mesmo infectada, a mãe pode amamentar. Manter o contato pele a pele é importante, mas deve ter cuidados com a questão respiratórias pois o vírus é transmitido através da gotícula. A orientação é que tenha os cuidados na hora da amamentação, como o uso de máscaras e higienização das mãos

*Jeice Oliveira compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Alexandre Bittencourt