Após decisão judicial

“Foi um trabalho que envolveu muita gente. Será de muito pesar se for extinto”, diz coordenador do app Olho na Bomba

Adailton Araújo mostra os números relacionados ao aplicativo, destaca que a plataforma foi produzida com baixo custo e teme a possibilidade de extinção

Mais de 400 mil downloads, 1,6 mil postos cadastrados na plataforma e, em média, 15 mil acessos diários. Esses são os números do aplicativo Olho na Bomba, desenvolvido pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) em convênio com a Universidade Federal de Goiás (UFG). O app agora está ameaçado após decisão judicial que desobriga os postos de combustíveis a informarem os valores ao app.

De acordo com o coordenador do convênio e professor do Instituto de Informática da UFG, Adailton Araújo, a plataforma foi pioneira no Brasil e tem o objetivo de informar preços de combustíveis aos consumidores em tempo real. Ele destaca que o desenvolvimento projeto foi gradativo e contou com o auxílio de todos os pilares da comunidade.

“O projeto nasceu após a existência e a aprovação de um projeto de lei [estadual n° 19.888/2017]. Logo após, professores, alunos, Ministério Público e imprensa ajudaram a formar essa plataforma. Todo o trabalho durou três anos. Foi um trabalho que envolveu muita gente. Será de muito pesar se for extinto”, destaca.

Evolução dos downloads do aplicativo (Foto: Arquivo Pessoal)

Adailton conta que o aplicativo foi apresentado para diretores da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que aprovou a iniciativa. A plataforma também foi vista com bons olhos em outras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo. O projeto também foi apresentado em um evento da própria ANP no Rio Grande do Sul, em novembro do ano passado.

“Eu acompanho as evoluções e os comentários dos downloads. Tem pessoas de outros estados cobrando essa iniciativa. Tanto que muitos políticos de outros estados entraram em contato com a gente para entender um pouco mais sobre essa ferramenta”, conta.

E destaca que o projeto vai muito além disso. O custo para criação do aplicativo foi baixo, se comparado com outros apps. Além disso, ele mesmo ajuda o consumidor a economizar até 20%. Uma reunião entre a UFG e o MP já tinha acontecido na última semana para ser assinado o novo convênio, que encerrou no último dia 27 de junho. “Já tinha apresentado 80 demandas com oportunidades de melhorias da tecnologia, sugeridas pelos usuários consumidor, Procon e Administradores MP”, diz.

Consumidor

A provável extinção do aplicativo descontenta os usuários. A publicitária Milena Elias, de 23 anos, destaca que a plataforma é essencial por mostrar o valor dos combustíveis atualizado. Além disso, pontua que é possível fazer procura do posto que está com o melhor preço na plataforma.

“O aplicativo ajuda a não sermos caluniados com mentiras nos preços. Ela proporciona uma segurança, pois podemos denunciar os postos que o valor não condiz com o que está no aplicativo. Sem falar o quanto facilita achar um posto de combustível barato em meio a variedade que está hoje. Ele [aplicativo] tira o arrependimento de ter achado um posto mais barato depois de ter abastecido”, salienta.

Procon

A plataforma é tida como mais uma forma de auxílio para a fiscalização do Procon. Procurado, o órgão falou, por meio de nota, que o consumidor deve voltar a realizar a velha prática de observar os preços durante o trajeto diário. “No entanto, ainda é possível verificar os preços praticados pelos postos de combustíveis no site da Sefaz, que atualiza e divulga diariamente os preços em seu site (www.sefaz.go.gov.br). Em caso de divergência, o Procon Goiás orienta o consumidor a registrar sua reclamação e denúncia pelo telefone 151, pela plataforma Web https://proconweb.ssp.go.gov.br/#/ , ou presencialmente no órgão […]”, diz o texto.

Histórico 

O aplicativo foi lançado em 25 de setembro do ano passado. No primeiro mês, somou 28.911 downloads. Em nove meses, 411.925 pessoas baixaram o aplicativo. Em dezembro do ano passado, a plataforma ganhou uma atualização: os usuários poderiam visualizar os preços por tipo de combustíveis, os métodos de pagamento, verificar o valor percentual entre etanol e gasolina e otimizar as rotas traçadas pelos motoristas.

Em outra matéria, o Mais Goiás mostrou que, no sistema Android, o aplicativo recebia nota de 4,1. Já no iOS, a avaliação salta para 4,7. Em ambos os sistemas, o aplicativo recebe, em sua maioria, comentários positivos.

Avaliação do app no sistema iOS (Foto: Mais Goiás)
Avaliação no sistema Android (Foto: Mais Goiás)