Força-tarefa analisa laudos para concluir inquérito de morte de jovem estuprada em UTI, diz delegado
A força-tarefa montada para investigar a morte da jovem Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos,…
A força-tarefa montada para investigar a morte da jovem Susy Nogueira Cavalcante, de 21 anos, aguarda a análise de laudos para a conclusão do inquérito. Ela morreu após passar dez dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Goiânia Leste (HGL). O coordenador da investigação, Washington da Conceição, destaca que a demora na finalização das investigações foi devido ao volume de material colhido.
Segundo ele, o inquérito chegou a ser remetido ao Judiciário, mas retornou para anexo de mais informações. Para isso, o delegado solicitou a prorrogação do prazo da Justiça, que foi deferido. Com isso, foram concedidos mais 90 dias para a conclusão do caso.
O investigador destaca que, até o momento, o inquérito conta com 400 páginas. Mais de 60 depoimentos foram colhidos. “Foi muito trabalho. Só para ter noção, do hospital foram 53 pessoas ouvidas. Agora, vamos analisar detalhamento os três laudos cadavéricos para saber realmente de quem é a responsabilidade da morte da garota”, destaca.
O delegado afirma que 30 dias já se passaram do novo prazo concedido pela Justiça. Com isso, a expectativa é que em até duas semanas o inquérito seja finalizado.
Relembre o caso
A estudante deu entrada na unidade hospitalar no último 16 de maio após apresentar um crise convulsiva. Ela teve que ficar internada e, segundo a titular da Delegacia Estadual de Proteção à Mulher (Deam), Paula Meotti, foi estuprada naquele mesmo dia. O suspeito do crime é o técnico de enfermagem Ildson Custódio Bastos, de 41 anos. Ele está preso preventivamente desde que se apresentou de forma espontânea à delegacia, mas nega o crime.
Em coletiva de imprensa, o pai da jovem questionou a atuação da Polícia Civil diante do caso. Ele destaca que foi avisado do estupro no momento do velório da filha. Para ele, a delegada poderia ter feito alguma coisa para impedir que o pior acontecesse no dia em que recebeu a denúncia. “Ela estava documentada, era só ir e resolver a situação da minha filha. Era só solicitar uma transferência de hospital e comunicar os familiares do ocorrido”, questionou o policial aposentado.
Paula Meotti rebateu as acusações e declarou que fez tudo o que estava ao alcance da corporação. E mais: que não tem autoridade para retirar nenhum paciente do hospital. “O próprio hospital nos procurou para relatar o ocorrido. Eu não posso me responsabilizar pela morte da filha dele. Eu cumpri com minhas obrigações como delegada de investigação de autoria e materialidade e representei pela prisão preventiva do suspeito. Quanto à internação da vítima, cabia ao pai decidir em transferi-la de unidade”, comentou a delegada.
Diversos amigos e familiares protestaram, em junho deste ano, na porta da unidade para cobrar justiça pela morte da estudante. No local, os manifestantes levaram cartazes e cantaram várias músicas religiosas para lembrar a morte da garota. Esse foi o segundo ato em prol da memória de Suzy. Em 30 de maio, estudantes de arquitetura se reuniram no Teatro de Arena da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) – instituição que a jovem estudava – para lembrar o caso.
Um força-tarefa foi criada e um novo inquérito aberto para descobrir a causa da morte da vítima. A possibilidade de uma nova exumação do corpo foi descartada pelo delegado Wellington da Conceição, do 9° Distrito Policial de Goiânia. Réu pelo crime de estupro, o técnico de enfermagem chegou a prestar depoimento ao delegado, mas preferiu ficar em silêncio durante a oitiva. Após o caso, um projeto de lei, que leva o nome da vítima, tramita da Assembleia Legislativa que visa a obrigatoriedade de instalação de câmeras de segurança dentro de UTIs de hospitais públicos e particulares.