Força-tarefa policial cumpre mandados de busca e apreensão no Detran de Goiás
Cerca de 200 policiais, civis, peritos criminais e militares, integram a força-tarefa que cumpre mandados de busca e apreensão em quatro estados diferentes da Federação
A Polícia Civil, Militar e Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Goiás deflagraram na manhã de quinta-feira (07) a operação “Cegueira Deliberada” para apurar desvios de recursos públicos e corrupção no Departamento de Trânsito de Goiás (Detran). O órgão enviou nota informando que “apoia e vem colaborando com a Policia Civil e Secretaria de Segurança Pública de Goiás na investigação que envolve a Operação Cegueira Deliberada.”
A força-tarefa policial cumpre 62 mandados judiciais, sendo 55 de buscas e sete de prisões temporárias, em três estados, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. A operação mobilizou 187 policiais civis, nove peritos criminais e policiais militares. O estado de São Paulo colaborou com 31 policiais no cumprimento dos mandados.
A investigação do Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECCOR), da Polícia Civil de Goiás, apura suposto esquema de fraude em processo licitatório do Detran para dar outorga de serviço público de vistoria veicular por 10 anos. O contrato com a empresa Sanperes Avaliação e Vistorias em Veículos Ltda. foi assinado em 2014, no valor de R$ 582 milhões.
Segundo a apuração policial, foram praticadas inúmeras ilegalidades dentro do procedimento licitatório, destacando a preterição do credenciamento pela concessão, o indevido critério de julgamento das propostas, o direcionamento na confecção do edital e a ausência de audiência pública, bem como várias irregularidades relativas à habilitação da empresa Sanperes, a exemplo da falsidade do atestado de capacidade técnica e de inconformidades nas certidões.
A empresa Sanperes fez uso de inúmeros “Laranjas”, como aponta a investigação, para ocultar os seus verdadeiros proprietários, impedidos legalmente de participarem do certame. As ilegalidades teriam ajudado no enriquecimento ilícito dos investigados em R$ 100 milhões, a partir das tarifas superfaturadas cobradas pela empresa entre 2015 e fevereiro de 2019. A investigação destaca ainda que o contrato tem vigência até 2025, ano em que os desvios poderiam chegar aos R$ 300 milhões.