Fumaça em Goiânia: médica explica sobre riscos e medidas diante da poluição
Poluição aumenta riscos de derrames, doenças cardíacas, câncer de pulmão, doenças respiratórias agudas e mais
Com Jamyle Amoury
Goiânia amanheceu sob uma densa nuvem de fumaça, no domingo (25). A situação impactou a cidade com sujeira, cancelamento de voos, mas também despertou preocupações relacionadas à saúde. A pneumologista Roseliane de Souza Araújo conversou com o Mais Goiás, nesta segunda-feira (26), sobre os riscos da poluição no ar e medidas diante deste cenário atípico.
Ela começa com um alerta. Segundo a médica, a poluição do ar, conforme publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS), aumenta os riscos para desenvolvimento de diversas doenças, “entre elas derrames, doenças cardíacas, câncer de pulmão e doenças respiratórias agudas, além de descontrole de doenças respiratórias crônicas”.
A profissional esclarece que a fumaça contém material particulado fino 30 vezes menor que um fio de cabelo humano, podendo também ser inalado profundamente no tecido pulmonar e contribuir para sérios problemas de saúde. Da mesma forma, não é incomum sentir ardência nos olhos. “Então, além da ardência nos olhos, os sintomas da exposição à poluição de partículas podem incluir dor no peito, tosse, irritação na garganta, congestão e redução da função pulmonar.”
Medidas
Roseliane explica que é possível minimizar o acesso à poluição do ar com algumas medidas. Ela recomenda permanecer em ambientes fechados, reduzindo a infiltração externa, e limpando o ar interno com filtros. Além disso, sugere a limitação de esforços ao ar livre.
“Nossa região, além da poluição pela cortina de fumaça que nos atingiu neste final de semana, sofre devido à ausência prolongada de chuvas, o que reduz a umidade relativa do ar a níveis desérticos. Esta combinação aumenta muito o risco de adoecimento, principalmente nos indivíduos com maior propensão à desidratação, como crianças e idosos.”
Assim, ela também reforça a hidratação adequada para auxiliar as vias aéreas, que contribuem com uma espécie de sistema de autolimpeza das mucosas. “O uso de máscaras pode ser eficaz em algumas circunstâncias”, não descarta. E também o uso de ar-condicionado com filtro limpo para a remoção de impurezas e material particulado do ar em ambientes fechados. Da mesma forma, ela vê o umidificador como uma boa opção, visto que o clima seco – e poluído – dificulta o processo de limpeza das vias aéreas.
De forma macro, ela diz que “medidas coletivas de redução da circulação de veículos e diminuição da emissão de poluição pelas indústrias, com redução do horário de funcionamento e não utilização de fontes de energia combustível (termoelétricas e geradores a diesel, por exemplo), nestes períodos críticos, poderiam auxiliar a enfrentar temporariamente este pior momento que estamos passando”.
Fumaça na capital
A exemplo de outras regiões do Brasil, Goiânia amanheceu coberta por uma nuvem densa de fumaça proveniente de queimadas, que não só atrapalha o goianiense a respirar, como também leva sujeira e incômodo às residências.
Essa fumaça se espalhou com velocidade maior depois que uma forte ventania que aconteceu por volta das 2h da madrugada deste domingo.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre o dias 23 (sexta-feira) e 25 (domingo), houve 203 focos de queimadas em Goiás. Chama atenção o fato de que 31,5% deles ocorreram no município de Chapadão do Céu.
A maioria foi registrada nas regiões sul e sudoeste de Goiás: Rio Verde (11,3%), Mineiros (6,9%), Morrinhps (6,9%), Itajá (5,9%), Água Fria (4,4%), Caiapônia (3,4%), Palmeiras de Goiás (3%) e Alto Paraíso (2%).