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Gari é vítima de racismo em Goiânia: “todo dia acontece e ninguém faz nada”

Crime aconteceu depois que um caminhão da Comurg impediu o fluxo de carros por alguns segundos no Setor Oeste

O gari, Leonardo Bento Pereira, denuncia ter sido vítima de racismo no setor Oeste, em Goiânia. (Foto: Prefeitura de Goiânia)

O gari, Leonardo Bento Pereira, denuncia ter sido vítima de racismo no setor Oeste, em Goiânia. Episódio de violência aconteceu quando o caminhão da coleta seletiva da Comurg passava próximo a praça Tamandaré e impediu o fluxo de carros por alguns segundos. “Tá achando que é dono da rua? Negão filho da puta”, teria dito um dos motoristas.

Leonardo narra que, por volta das 11 horas, o caminhão da prefeitura havia parado para que ele e um colega coletassem os materiais recicláveis. Com isso, gerou-se uma fila de três carros atrás do caminhão. O motorista do último veículo teria se irritado com a situação e xingou somente gari que é negro. “Tá achando que é dono da rua? Negão filho da puta”, teria dito o condutor.

Constrangido, Leonardo afirma que pediu ao motorista da Comurg que remanejasse o caminhão para que o fluxo de carros pudesse passar. “Eu falei para ele [para o motorista do carro] que ele poderia passar, pois é o direito dele. Mas ele continuou xingando, dizendo que aquele não era o meu lugar. Falei para ele que chamaria a vitatura da polícia para fazer um B.O [boletim de ocorrência], mas ele disse que não ia fazer e ninguém ia segurar ele. Fiquei indignado”, contou o gari.

Gari já foi vítima de racismo outras vezes

Leonardo afirma que sempre escuta brincadeiras de população enquanto trabalha, pois atua como funcionário da Comurg há 16 anos. Entretanto, nem sempre os comentários são amigáveis, mas sim repletos de xingamentos e frases preconceituosas. “É difícil pra gente, né? Até de comentar essas coisas, porque é racismo […] Todo dia isso acontece e ninguém faz nada! Racismo é crime”, desabafa.

Eliseu Rabelo, que é colega de trabalho de Leonardo e presenciou o crime, disse que também ficou indignado com a situação. Ele ressalta que não há diferença entre um gari e outros profissionais.

“Não tem diferença de um coletor, um advogado, um policial. Todos estão executando seu trabalho de forma digna. A gente fica em 2022 e ainda tem esse tipo de atitude de certas pessoas, de discrimar por causa de cor, por causa de função de trabalho”, lamentou.

Durante o crime, os trabalhadores acionaram ajuda da Comurg e registraram um boletim de ocorrência contra o motorista. O caso deverá ser investigado pela Polícia Civil, que não respondeu ao Mais Goiás se o suspeito já prestou depoimento.

Comurg lamenta caso de racismo

Em publicação nas redes sociais, a Comurg lamentou o ocorrido. “Nosso colaborador, no exercício da sua função, sofreu ofensas e xingamentos em razão da sua cor. É inadmissível que isso aconteça! Repudiamos todo tipo de ofensa praticada contra pessoas, principalmente em razão de sua cor, raça, etnia ou orientação sexual”, escreveu a pasta.

 

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