VOZES DA COMURG

Garis de Goiânia formam primeiro coral de trabalhadores de limpeza do Brasil

Funcionários da Comurg - nem todos com experiência em canto - se juntaram para dar visibilidade aos garis

Coral Vozes da Comurg é formado por 15 garis de Goiânia (Foto: Divulgação)

O coral Vozes da Comurg tem um propósito que está estampado no nome: dar voz aos garis de Goiânia. O projeto, que surgiu há três meses para a comemoração do Dia do Gari, tomou corpo, forma e hoje é parte da rotina semanal de 15 colaboradores da pasta.

“Estas são pessoas de extrema responsabilidade para o dia a dia da população, mas, infelizmente, só pela palavra ‘gari’, de quatro letras, a população não as consegue enxergar”, disse o regente do coral, Francis Maia, em entrevista ao Mais Goiás.

De acordo com Francis, a ideia do coral veio de cinco pessoas da coleta, que pediram uma oportunidade para cantar. A partir daí, mais colaboradores foram se juntando e se dedicando ao grupo.

Eliane Evangelista Dourado, uma das vocalistas que está desde o início do Vozes da Comurg, diz que, hoje, esta é uma das maiores alegrias que tem no trabalho. “Amo música, mas nunca tive a oportunidade de estar na área”, contou ela, que é colaboradora da pasta há 16 anos. “Para mim, esta é uma das minhas maiores conquistas”.

Vozes da Comurg: coral abraça calouros e veteranos

A gari Eliane Evangelista tem certa experiência com música: canta na igreja desde muito jovem. Assim como ela, há outros que têm intimidade com as cifras e partituras. Porém, há vários que nunca cantaram antes e que, hoje, já se apresentam bem.

“No coral, a gente aprende sobre divisão de vozes – mezzo, soprano, contralto – e sobre teoria musical”, explicou Eliane. “Então, muitos colegas que não cantavam e não tinham conhecimento sobre, com muita boa vontade e muitos ensaios, aprenderam bastante”.

Os ensaios, contou ela, acontecem duas vezes por semana, na própria Comurg, na hora do almoço do expediente. Neles, além de técnicas, também destrincham as músicas para as próximas apresentações.

O coral já domina Oh Happy Day, arranjo musical gospel famoso datado da década de 1960, e a versão de Maria Bethânia de É o Amor. Agora, os garis ensaiam Casinha Branca e o clássico de Roberto Carlos, Jesus Cristo.

https://www.youtube.com/watch?v=zg6eh_7SuBo

Reconhecimento dos garis em Goiânia

Nas apresentações, os cantores do Vozes da Comurg estão sempre com seus uniformes de gari. Isso tem um motivo: reconhecimento. “Queremos fazer com que o gari seja reconhecido e dar visibilidade a eles, que fazem a varrição da cidade, a limpeza dos córregos e mananciais e cuidam de Goiânia como um todo”, apontou Francis.

Eliane afirmou que percebe a mudança na forma como os garis são vistos em Goiânia, depois de o coral começar as atividades. “Nossa profissão é invisível aos olhos de muitos”, sublinhou. “Mas agora nós somos vistos e reconhecidos na rua, durante o trabalho. É gratificante”.