Gêmeas siamesas seguem em estado gravíssimo e se alimentam por meio de sonda no HMI, em Goiânia
Boletim ressalta, contudo, que as meninas estão em estado "estável". Uma das meninas precisará a ser submetida por um procedimento cardíaco, porém sempre data de realização definida
As gêmeas siamesas continuam internadas em estado gravíssimo, porém estável, segundo o Hospital Materno Infantil. As meninas foram separadas na unidade no último dia 23, em uma cirurgia que durou quatro horas e meia. Ainda conforme o boletim, elas seguem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e se alimentam por meio de uma sonda nasogástrica.
Segundo o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, que realizou a separação das gêmeas, houve uma melhora e as meninas estão recebendo bem o leite materno por meio da sonda. Porém, as meninas ainda respiram com a ajuda de aparelhos. Ele destaca que todo o cuidado é bem minucioso, pois as meninas ainda não contam com total imunidade.
“Devido a cirurgia ocorrer nas primeiras 24 horas de vida é muito complicado, pois a recomendação é da cirurgia ser realizada entre seis meses a um ano. Esse foi o maior desafio, pois elas ainda não têm a formação do sistema imunológico e uma poderia morrer e outra logo em seguida”, destaca.
Zacharias destaca que as meninas estavam unidas pelo tórax e abdômen e compartilhavam o fígado. Elas nasceram na 37° semana de gestação e juntas pesavam 4.785 quilogramas. A mãe das meninas já recebeu alta e tem livre acesso à UTI, porém há restrição no contato.
“Ainda há risco de infecção, sagramento por causa da recuperação da cirurgia, que não acontece de imediato. Cada melhora a gente trata com uma vitória. Porque esse tipo de cirurgia já possui algumas particularidade em casa caso e no delas foi bem mais detalhado, devido serem recém-nascidas”, explica.
Cardiopatia cianogênica
O médico explica que uma das meninas nasceu com cardiopatia cianogênica. Isso acontece quando há um transposição dos grandes vasos do coração, aonde o sangue venoso se mistura com o sangue oxigenado. Isso acontece pois as artérias estão em posições expostas e causa sérios danos no funcionamento do corpo. Apesar disso, está sendo realizado um estudo sobre a realização da cirurgia na criança, ainda sem data definida.
“A atual situação dificulta o funcionamento dos rins, do coração, do oxigênio, por exemplo. Porém, essa cirurgia deverá ser realizada quando ela estiver estável e com o fígado cicatrizado. Se fizermos a cirurgia na atual situação, o índice de mortalidade é de 100% “, conta.
A cardiopatia faz com que a recuperação da menina fique prejudicada, pois o tecido não recebe o oxigênio adequado. Por causa disso, ainda não há uma previsão de altas para as meninas.
A mãe das crianças, Viviane de Menezes dos Santos, de 30 anos, veio de Salvador (BA) para tratar as meninas no HMI, em Goiânia, por se tratar referência e ser a unica unidade hospitalar no país apta a realizar separação de gêmeos siameses. A cirurgia foi realizada por Zacharias e uma equipe formada por mais 12 profissionais.