PREJUÍZO MILIONÁRIO

Gerente de agência da Caixa facilitava fraudes em financiamentos de imóveis rurais, diz PF

Operação foi deflagrada em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Acreúna e Rio Verde. Prejuízo ultrapassa R$ 40 milhões.

A gerente de uma agência da Caixa Econômica estava envolvida na organização criminosa que causou um prejuízo de R$ 40 milhões com fraudes em financiamentos de imóveis rurais, conforme a Polícia Federal. A operação foi deflagrada na manhã desta terça-feira (16), em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Acreúna e Rio Verde.

O delegado que coordenou a operação, Vitor Bueno, explica que a gerente, que não teve o nome divulgado, facilitava as fraudes em documentos para liberar os financiamentos. Ele conta que os documentos eram falsificados de diversas formas e que a investigação começou após um cartório perceber as alterações.

“As fraudes aconteciam em documentos de imóveis rurais, desde a falsificações grosseiras como alteração de selo, de reconhecimento de assinaturas, até falsificações mais sofisticadas, envolvendo certidões de matrículas de cartórios, nos registros desses imóveis”, explicou o delegado.

Em nota, a Caixa informou que atua conjuntamente com a PF e demais órgãos de segurança pública na identificação e investigação de casos suspeitos e na prevenção e combate a fraudes e golpes. Disse ainda que coopera integralmente com as investigações dos órgãos competentes (íntegra ao fim do texto). 

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Avaliação dos imóveis

Segundo o delegado, foi constatada a participação de um profissional credenciado à Caixa, que avaliava esses imóveis rurais com um valor muito superior, por exemplo, para liberar os financiamentos. Além disso, muitos desses imóveis nem existiam.

“Inclusive, avaliou imóveis que sequer existem, de fato, ou superavaliou imóveis em até 700%. Então, dava uma aparência lícita à documentação, que permitia a liberação dos valores do financiamento dentro da agência da Caixa. Os imóveis eram superavaliados e admitidos como garantia hipotecária dos financiamentos”, disse o delegado.

Ainda de acordo com o investigador, a operação era integrada em três camadas, entre empresários e até funcionários públicos.

“Um núcleo de gestão, integrado por empresário e advogado. Um núcleo mais operacional, integrado por pessoas que contrataram com a Caixa o interesse da administração. Operadores financeiros dos valores, funcionários públicos e, por fim, alguns laranjas e ‘testas de ferro’ do grupo”, disse o delegado.      

Apreensões

Carros de luxo, moto e relógios importados foram apreendidos na operação Paper Land. Além das prisões, a PF bloqueou contas bancárias e sequestrou 48 imóveis e 44 veículos do grupo, incluindo a apreensão de criptoativos.

Os nomes dos investigados ainda não foram divulgados, bem como o endereço da agência envolvida nas fraudes.

O Mais Goiás solicitou um posicionamento à Caixa Econômica, a fim de saber quais procedimentos foram tomados diante do caso, e aguarda resposta.

Nota da Caixa

A CAIXA informa que atua conjuntamente com a Polícia Federal e demais órgãos de segurança pública na identificação e investigação de casos suspeitos e na prevenção e combate a fraudes e golpes.    

A CAIXA esclarece que informações sobre eventos criminosos em suas unidades são repassadas exclusivamente às autoridades policiais e ratifica que coopera integralmente com as investigações dos órgãos competentes.    

Adicionalmente, esclarecemos que a CAIXA possui estratégia, políticas e procedimentos de segurança para a proteção dos dados e operações de seus clientes e dispõe de tecnologias e equipes especializadas para garantir segurança aos seus processos e canais de atendimento.