Sintonia dos Gravatas

Justiça de Goiás condena advogados por envolvimento com facções criminosas

Advogados condenados na operação Honoris Criminis atuavam como ponte entre facções criminosas e presos, além de lavar dinheiro do crime organizado

Condenados atuavam em unidades prisionais e transmitiam ordens de facções (Foto: reprodução MPGO)

Dois advogados denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) foram condenados por envolvimento com duas facções criminosas. Segundo consta nos autos, os profissionais compunham células jurídicas do Primeiro Comando da Capital (PCC) e dos Amigos do Estado (ADE). Conforme a acusação, eles atuavam como intermediários entre presos e as organizações, além de auxiliarem na lavagem de dinheiro do crime organizado.

De acordo com a denúncia, Queslei da Silva era membro do PCC desde 2022 e integrava a ‘Sintonia dos Gravatas’, intermediando recados entre lideranças e detentos para fortalecer a facção no sistema prisional de Goiás. Já Marcos de Oliveira, com vínculos tanto com o PCC quanto com a ADE, transmitia mensagens e atendia interesses ilícitos no Presídio de Planaltina, além de facilitar a transferência de um imóvel adquirido com recursos do tráfico de drogas.

Um dos advogados foi condenado a 6 anos e 5 meses de prisão em regime fechado, com 35 dias-multa, por sua ligação com o PCC. O outro recebeu 8 anos e 8 meses de reclusão, também em regime fechado, e 66 dias-multa, por colaborar com ambas as facções e pela lavagem de dinheiro. Os dois foram absolvidos do crime de receptação, mas o MP recorreu dessa decisão.

Atuação dos advogados nas facções criminosas

Os advogados atuavam como ponte entre as lideranças das facções e os presos, realizando atendimentos em unidades prisionais de Goiás. Entre suas tarefas estavam a transmissão de mensagens conhecidas como “bate-bola de saída” e “plaquinha de saída”. Queslei chegou a integrar o departamento chamado “Sintonia dos Gravatas”, sendo responsável pela comunicação entre presos do PCC em Goiás e lideranças da facção na Região Sudeste.

Já Marcos prestava serviços à ADE e ao PCC, inclusive organizando a transferência de um imóvel comercial em Pirenópolis, fruto de atividades ilícitas, a pedido de um integrante do PCC. Além disso, ele participou de planejamentos para motins e outras ações coordenadas dentro de presídios goianos, com o objetivo de pressionar por mudanças nas regras internas das unidades de segurança máxima.

Os advogados de defesa dos acusados anunciaram que irão recorrer das decisões judiciais. O espaço permanece aberto para manifestações das defesas.