Goiânia: Maternidade Dona Iris paralisa atendimentos pediátricos por falta de pagamento
Grávidas estão recorrendo a atendimento particular
O Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI) paralisou, na noite da última sexta-feira (18/10), os atendimentos pediátricos por causa da falta de pagamento. Conforme nota da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc/UFG), as gestantes que buscaram atendimento na unidade foram encaminhadas para o Hospital da Mulher (Hemu).
Na unidade, o pediatra é o responsável pela avaliação e cuidados ao recém-nascido após nascimento. Segundo anúncio da Fundahc, um ofício informando a suspensão foi enviado à Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público.
“Através desse documento venho salientar que, hoje, sexta-feira 18/10/2024, de 19h às 7:00 de 19/10/2024, não teremos pediatras na unidade. Profissionais que laboram no alojamento conjunto e as salas de partos (centro cirúrgico e centro de parto normal), função essa que normalmente é exercida por 6 profissionais no período matutino, 3 no período vespertino e 3 no período noturno. A ausência desses profissionais impede qualquer nascimento na unidade”, afirmou o ofício.
Segundo a fundação, os atendimentos de urgência e emergência foram retomados na Maternidade Dona Íris na manhã deste sábado e todas as unidades de saúde geridas pela instituição, incluindo o Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) e a Maternidade Nascer Cidadã (MNC) permanecem funcionando.
Problema é antigo
Segundo informações repassadas pela Fundahc, desde 29 de agosto, os atendimentos eletivos estão paralisados por falta de repasses integrais por parte da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. Na sexta-feira (18/10), os pediatras que estão sem pagamento resolveram não fazer o plantão, e a unidade teve que suspender os atendimentos no período noturno.
Na sexta-feira (3/10) da semana passada, a restrição nos atendimentos afetou o Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), o Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI) e a Maternidade Nascer Cidadão (MNC). Na época, apenas serviços de urgência e emergência foram realizados e o motivo também foi a falta de pagamento.
Em 2023, houve a mesma situação, que ficou conhecida como “Crise das Maternidades“.
Grávidas recorrem a atendimento particular
Com as recorrentes suspensões em atendimentos nas maternidades públicas de Goiânia, com medo de perder os bebês, as grávidas recorrem a hospitais particulares.
Lilian Rodrigues é doula e presta assistência de parto a grávidas. Ela denuncia que tem acompanhado grávidas em atendimento nas maternidades públicas de Goiânia, muitas já com parto cesária marcado e não conseguem sequer avaliação médica para avaliar as contrações. Com medo de complicações e sem atendimento algum na rede pública, as mulheres estão procurando atendimento particular.
A profissional afirma que muitas grávidas preferem parto em maternidades públicas da capital por serem referência em parto humanizado, como o Hospital e Maternidade Dona Íris. Mas, ao chegam na unidade, são informadas que não tem atendimento.
“Há duas semanas, no Célia Câmera falaram que não tinha médico, desesperada pagou pela cesária”, afirmou a doula sobre uma grávida de São Luís de Montes Belos que ela acompanhava. Segundo a profissional, a mulher já estava com contrações.
“Ela veio de São Luís de Montes Belos com contrações. Com muita dificuldade, conseguiram avaliação e pediram para retornar no outro dia para fazer exame, mas ao retornar, descobriram que não teria atendimento”, disse Lilian Rodrigues.
Ainda segundo a profissional, a mulher teve que retornar para a cidade de São Luís de Montes Belos e realizar o parto em um hospital particular.
Em 4 de outubro deste ano, uma grávida de Goiânia que prefere não se identificar, chegou na Maternidade Célia Câmara e não conseguiu realizar o procedimento.
“Eu queria parto normal. Quando completei 40 semanas, fui na maternidade para começar a acompanhar a vitalidade. Aí me informaram que não estava tendo atendimentos eletivos. E como eu precisava fazer exames para acompanhar a vitalidade da minha filha, e eles não me encaminharam para outros lugares, só disse que estavam em greve e que não teria atendimento, no ato do meu desespero eu procurei um outro médico e paguei pela cesárea”, desabafa.
Agora, a mulher e a bebê estão bem, mas ela relata mais um caso de falta de atendimento em outra unidade de saúde pública da capital. “Ela nasceu no dia 4 de outubro, no dia 6 de outubro a neném apresentou febre de 38,8° fomos na Maternidade Nascer Cidadão, e eles também recusaram atendimento”, disse a jovem.
A doula Lilian Rodrigues disse que outras grávidas que ela acompanha estão mudando os planos e marcando acompanhamento para realizar parto em hospitais particulares.
Nota na íntegra da Fundahc/UFG
A Fundahc/UFG informa que as gestantes que buscaram atendimento no Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI) da noite de sexta-feira, 18, até às 7h deste sábado, 19, foram encaminhadas para o Hospital da Mulher (Hemu). Os atendimentos de urgência e emergência foram retomados no HMDI nesta manhã e todas as unidades de saúde geridas, incluindo o Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) e a Maternidade Nascer Cidadã (MNC), permanecem funcionando.
Nota na íntegra da SMS de Goiânia
A Secretaria Municipal de Saúde entrou em contato com a Fundahc/UFG solicitando a retomada do atendimento, enquanto se definem os repasses financeiros.
A pasta também negocia com fornecedores, juntamente com a Fundahc, para que todo o serviço seja normalizado. A expectativa é que o diálogo entre as instituições se mantenha aberto, buscando garantir a normalização plena dos serviços prestados à população.
Ressalta-se que os atendimentos de urgência e emergência foram retomados no Hospital Municipal Dona Iris (HMDI) nesta manhã, e todas as unidades de saúde geridas, incluindo o Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) e a Maternidade Nascer Cidadã (MNC), permanecem funcionando normalmente.