IPCA

Goiânia tem maior inflação do país puxada por preço dos combustíveis

Economista aponta que os principais fatores são tributos, preço final da bomba e reajustes da Petrobras

(Foto: Jeso Carneiro)

A capital registra o maior índice de inflação do Brasil no mês de março. O pior vilão do indicador no mês de março foi a alta dos combustíveis, aponta o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta no valor dos combustíveis em Goiânia se deve a alta carga de tributos do estado, aos reajustes da Petrobras e ao preço final na bomba determinado pelos proprietários de postos de combustíveis.

O Mais Goiás conversou com o economista Bruno Fleury para esclarecer quais especificidades fazem com que a capital goiana lidere a alta no índice de inflação de todo país. O economista diz que um dos principais fatores que fazem com que o combustível em Goiás seja tão caro é o imposto ICMS que recai sobre a gasolina, um dos mais caros do país.

Outro fator elencado por Bruno é o preço final do combustível que sai da bomba. “O maior impacto do preço vem da decisão dos vendedores, que estipulam o preço por litro que sai da bomba, um dos mais caros do país”. O economista afirma que as capitais cujo preço dos combustíveis são maiores do que os praticados em Goiânia, estão localizados na Região Norte do país.

“Não dá para comparar os preços das distribuidoras da Região Norte porque o transporte do produto para lá é mais caro, geralmente feito por meio de embarcações. Aqui em Goiânia o transporte do insumo é feito por gasoduto e é muito mais barato. Mesmo assim, os preços praticados nos postos é um dos maiores do país”, explica. O economista explica que os reajustes da Petrobras impactam em apenas 40% do preço final nos postos de combustíves.

O preço é livre

O Portal Mais Goiás entrou em contato com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto-GO), Márcio Andrade para questionar sobre o preço final das bombas de combustíveis em Goiânia. Ele afirma que o estabelecimento do preço é livre em toda cadeia de produção dos combustíveis.

“Toda cadeia de produção é livre, desde a Petrobras até os postos de combustíveis. O principal fator determinante para o preço final na bomba é o valor aplicado nas distribuidoras”, declara. Márcio ainda afirma que os reajustes que a Petrobras aplica sobre os combustíveis é diferente para cada unidade da federação e que em Goiás é um dos mais caros do país.

Inflação

O reajuste no valor dos combustíveis do mês de março na capital teve sua maior alteração desde julho de 2000. Em março, a inflação média no Brasil foi de 0,93%. Aqui na capital, o índice foi de 1,46%. Em seguida, ficou Brasília (1,44%) e Curitiba (1,33%). As capitais que tiveram menor reajuste da inflação foram Fortaleza (0,72%), São Luís (0,70) e Recife (0,62).

Em março, os combustíveis subiram 14,33%, o oitavo aumento consecutivo em Goiânia. Ou seja, nos últimos 12 meses, o reajuste foi de quase 30%. A inflação é calculada pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) que analisa os preços de produtos divididos em nove grupos. Destes, cinco tiveram elevação no último mês em Goiânia: transportes (5,65%), alimentação e bebida (0,69%), educação (0,52%), artigos de residência (0,38%) e despesas pessoais (0,23%). Os preços caíram nos grupos de habitação (-0,34%), vestuário (-0,33%), saúde e cuidados pessoais (-0,28%) e comunicação (0,23%).

Já os itens pesquisados que mais apresentaram alta nos preços no último mês foramo mamão (42,18%), repolho (22,3%), etanol (18,43%) e gasolina (13,65%). Os itens que tiveram maior redução de preço foram o tomate (-10,45%), remédios psicotrópicos e anorexígeno (-7,64%) e transporte por aplicativo (-7,05).