Animais de rua sofrem mais do que pets com as altas temperaturas de Goiânia
Protetores lamentam falta de políticas públicas para animais abandonados na cidade
A forte onda de calor que toma conta de Goiânia há pelo menos um mês causa sofrimento aos animais domésticos, que são bem cuidados pelos donos, mas o sofrimento é muito maior para os animais de rua que estão entregues à própria sorte. A Associação de Proteção aos Animais Miau Auau circula pela cidade com a missão de melhorar a situação destes bichos, mas a cidade precisaria de muitas outras entidades como esta para que o problema fosse completamente contornado.
Camila Amorim, presidente da associação, defende a tese de que os animais de rua são responsabilidade de todos. “Fazemos um trabalho de formiguinha, colocando pote de água limpa as portas de casa, sempre trocando para evitar também a dengue”.
“Não existe “animal de rua”! Todos os animais que estão nas ruas, foram filhotes de animais que já tiveram “dono” um dia”
Presidente da Associação de Proteção aos Animais Miau Auau, Camila Amorim.
Camila afirma que o grupo mantém mais de 100 animais protegidos diretamente, resgatando, abrigando e promovendo adoção. “Para nossos protegidos dentro de casa mantemos ventiladores e umidificadores, fazemos picolés de patês e nas tardes mais quentes, jogamos água no chão e colocamos cubos de gelos nos bebedouros deles”, diz a presidente.
A médica veterinária Izabel Guimarães explica que a elevação da temperatura do corpo é mais comum em cães, mas que gatos também podem ser atingidos. “Caso o animal se aqueça em excesso e não for socorrido a tempo pode vir a óbito”, alerta a veterinária.
Refúgio
Nesta semana, em Ubá, cães “invadiram” um banco com ar-condicionado para fugirem do calor de 40ºC do município mineiro. Os setes animais, que vivem nas ruas do município, foram flagrados por um eletrotécnico no chão de uma agência bancária. As imagens viralizaram na internet.
Abandonar é crime
Além do calor, os animais que vivem nas ruas estão vulneráveis a maus tratos, atropelamentos e a fome. Atualmente, não existem dados oficiais sobre o abandono no Brasil, mas o ato de abandonar é crime.
A delegada de repressão a crimes contra o meio ambiente (Dema), Lara Melo Oliveira, explica que atualmente a pena para abandono vai de 2 a 5 anos de prisão. Porém, apesar da lei punir quem abandona, não há estrutura para lidar com o bicho. “Não existe uma estrutura dos municípios, um órgão que cuide resgate dos animais domésticos como há para os silvestres, que é o Cetas do Ibama”, diz a delegada.
Segundo Lara, o maior problema nos maus tratos e abandono de animais é não existir um aparato do poder público para acolher os bichos. “É um gargalo que temos. Não há quem recolha e não há quem abrigue”, lamenta a delegada.
Como ajudar com o calor
Nesta quinta-feira (8), o Mais Goiás deu dicas de como ajudar os animais a se refrescarem com todo o calor da capital. Atos como evitar passeios entre 9:00 e 17:00, utilizar ventiladores e oferecer água fresca podem ajudar a salvar a vida dos animais neste momento de alerta de hipertermia.