O artista plástico e fotógrafo Matheus Pires abre suas exposição individual, na quinta-feira (21/1), às 21h. A instalação será montada na Vila Cultural Cora Coralina e tem o título de Pareidolia. Trata-se de poemas, fotografias e desenhos feitos em técnica mista. Com curadoria de Cacilda Vitória e curadoria literária com Neuda Lago a exposição traduz a intersemiótica dos poemas de Matheus através das artes plástica e da linguagem fotográfica.
Confira abaixo uma entrevista com o artista:
MAIS GOIÁS: O que seria a exposição Pareidolia?
A exposição Pareidolia é um grito. Durante alguns anos de angústia e procura tentei sintetizar em versos o sentimento de não pertencimento e minha dificuldade em aceitar a limitação da realidade crua. Acho que a forma mais sincera de encarar o meu apego ao surreal foi negá-lo no título da exposição. Pareidolia consiste em uma narrativa multilinguagem (literatura, artes visuais e música), em três atos, onde procuro trazer à tona a sinestesia dos momentos mais solitários(ou não) do eu lírico. Para isso, propõe-se a interação do espectador com poemas, fotografias, desenhos, gravuras e a declamação dos versos.
MAIS GOIÁS: Seu trabalho é mais poesia ou arte visual?
Bom, em todos os meus processos e experimentações busco explorar um diálogo entre linguagens. Pareidolia, por exemplo, essencialmente se apresentou em poesia, mas hoje é dependente de todo o processo construído em fotografias, sons, gravuras e desenhos auxiliares. Me encantam as experiências em ações híbridas, como a performance, pois é muito rico o intercâmbio entre as diferentes expressões artísticas.
MAIS GOIÁS: Conte um pouco sobre as obras que estarão expostas.
Na Vila Cultural exibiremos 31 fotografias, alguns desenhos processuais e xilogravuras, assim como os poemas que inspiraram todo o processo. Para a montagem contamos com o apoio do Marco AurelioTechio, da Tetto, e das curadoras Neuda Lago e Cacilda Vitoria, que foram fundamentais para que a exposição acontecesse.De forma sutil o áudio também estará presente, pois haverá um som ambiente sendo reproduzido ininterruptamente com a narração dos poemas.Existe no conjunto da exposição um caráter cinematográfico, as fotografias se apresentam como verdadeiros fragmentos de cenas. Como os poemas trazem ambiguidade, a ideia é que o observador se envolva e seja estimulado a desvendar a narrativa, construindo-a a partir de sua própria experiência com os frames fotográficos.
MAIS GOIÁS: Existe a figura do feminino dentro da obra, mas esta se apresenta de que forma? Qual a intenção de tratar a feminilidade nesse contexto?
Talvez o feminino seja o signo onde a ambiguidade entre o real e o surreal da exposição se apresente de forma mais evidente. O arquétipo feminino, em Pareidolia, consiste em uma força arrebatadora e fugaz, um chamado à vida, a doçura de um sonho, o despertar de uma nova realidade de sensações que irão consumir o eu lírico, e despedaçá-lo. Convém ao espectador optar entre transitar pelo real ou pelo surreal.