RISCO

Goianienses dizem que ônibus seguem lotados, mesmo com comércio fechado

Colaboração: Francisco Costa No quinto dia de vigência do decreto que estabelece lockdown em Goiânia,…

Colaboração: Francisco Costa

No quinto dia de vigência do decreto que estabelece lockdown em Goiânia, com exigências endurecidas para o funcionamento do comércio, linhas e terminais de ônibus continuam lotados.

Embora seja rígido para combater o alastramento do coronavírus em outras áreas, no transporte coletivo as medidas ainda não tiveram efeito. “É como se não existisse lockdown“, afirma usuária que se identificou apenas como Patrícia, no Terminal do Parque Oeste, na manhã desta sexta-feira (5).

Para ela, a situação é a mesma de antes da mais nova determinação da prefeitura. “Não mudou absolutamente nada. Os ônibus estão completamente lotados. O tumulto aqui é comum, diário, uns em cima dos outros. É como se o decreto aqui não existisse.”

A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) alegou que espera que o número de passageiros, em horário de pico, fique restrito somente aos que são dos serviços essenciais, e que a sociedade respeite as decisões de restrição, tomadas via decreto municipal sobre o funcionamento, somente, de alguns segmentos econômicos (áreas de saúde, farmacêutica, alimentação e indústria).

A Prefeitura de Goiânia também ressaltou que é preciso que os cidadãos colaborem e respeitem o decreto, devendo funcionar apenas serviços essenciais. “Cada cidadão precisa fazer sua parte, só assim iremos diminuir as curvas de contaminados e de óbitos”, informou, por nota, a assessoria de comunicação da administração pública municipal da Capital.

Infectologista

A infectologista Ana Beatrix explica que os riscos seriam minimizados – mas não zerados – se todos pudessem viajar sentados, de máscara e com boa circulação de ar do veículo. “Quando se fala em prevenção, a máscara é um dos itens. Mas o ambiente tem que ser bem arejado, para haver uma troca eficaz de oxigênio”, expõe.

Segundo ela, mesmo com todos sentados, a questão não se resolve, pois não há distanciamento entre as pessoas que estão no mesmo banco. Além disso, o simples tocar em superfícies – quando alguém se apoia na barra ou banco para levantar, por exemplo – pode apresentar risco.

“As superfícies podem contribuir para a contaminação. A pessoa encosta, depois coloca a mão na boca, olho ou nariz, sem perceber, disseminando, assim, o vírus”, aponta Ana Beatrix. Então, além da máscara é preciso atenção e disciplina para evitar toques, especialmente, em superfícies – o que se torna impossível com o veículo lotado.

Em relação a troca de ar, a infectologista sugere a abertura total das janelas ou, pelo menos, um condicionar de ar com exaustor que permita essa substituição. “A circulação de ar é muito importante”, finaliza.

Procura e frota

Segundo o vereador Lucas Kitão (PSL), apesar de ter ocorrido, de fato, uma redução na procura pelo transporte público, “houve também redução na frota de veículos em circulação, porque ainda não há decisão sobre quem vai ressarcir as concessionárias para que elas operem na Região Metropolitana com uma quantidade superior de veículos”.

Kitão afirma, ainda, que os ônibus seguem ainda mais lotados antes dos primeiros decretos do governo estadual, de março de 2020, quando os comércios não essenciais foram fechados pela primeira vez e os trabalhadores tiveram que ficar em casa. Para ele, a situação precisa ser solucionada, independente da pandemia, porque vai continuar a acontecer, mesmo quando o transporte coletivo retornar à normalidade. “Problema é anterior a pandemia. As superlotações vão continuar acontecendo, porque o sistema já está em colapso há anos.”