Goiano é preso nos EUA por racismo, ameaça e homofobia contra moradores de Quirinópolis
Mensagens foram enviadas em grupos de aplicativos de mensagens e no número privado das vítimas. Administradores dos grupos também serão indiciados pelos crimes.
Um brasileiro foi preso pela Interpol nos Estados Unidos após enviar mensagens homofóbicas e racistas para moradores de Quirinópolis, região Sudoeste de Goiás. Até o momento, cinco pessoas denunciaram o suspeito por crimes de injuria, difamação, calúnia e ameaça. Thiago Mendes Cabral, que é natural do município goiano, foi preso na tarde de domingo (12) e aguarda a decisão das autoridades norte-americanas para ser extraditado.
O primeiro caso foi denunciado em dezembro de 2020 quando o suspeito chamou um morador de “macaco” e “chimpanzé”, após a vítima informar que iria registrar uma ocorrência contra ele.
“Quem vai me processar? Você? Macaco! Chipanzé!”, diz o homem em um áudio. As ofensas teriam iniciado após uma discussão em um grupo do WhatsApp composto por moradores de Quirinópolis, o qual o suspeito faz parte.
Homofobia
Em outra denúncia, Thiago é apontado como autor de ataques homofóbicos contra o superintendente de Esportes da cidade. “Eles não tinham nenhum problema pessoal, a vítima contou que nem o conhece pessoalmente. Ele (vítima) postou um vídeo em que ajuda uma criança que estava vendendo sorvete. Depois disso, o autor começou a proferir ofensas homofóbicas”, explica a delegada Camila Simões, responsável pela investigação.
As ofensas em questão foram enviadas para o superintendente por mensagens de voz. Diversas vezes o superintende é chamado de “aberração” por ser homossexual, além de escutar que é “abominado por Deus”.
Certeza da impunidade
Além dos dois casos, o homem ainda é investigado por outras três denuncias de crimes praticados pelas redes sociais. Em um deles, Thiago diz que quando retornar para o Brasil iria “acabar” com a vítima.
Segundo a delegada, o homem ainda zombou do Poder Judiciário brasileiro por acreditar que não seria punido por morar nos Estados Unidos.
“O autor passou a zombar da justiça brasileira dizendo que era cidadão americano, o que não procede, uma vez que ele tem apenas uma autorização de residência, e que jamais seria preso. Acreditava ser inatingível pela justiça brasileira por morar no exterior, o que servia de motivação para a prática dos crimes”, comenta Camila Simões.
Thiago permanece preso nos EUA até a definição do pedido de extradição. Os administradores dos grupos onde as mensagens foram enviadas também serão indiciados pelos crimes.
“O autor vai responder pelos crimes de injúria, calúnia, difamação, ameaça e injúria qualificada pelo preconceito racional e homofóbico. Todos com aumento de pena por terem sido praticados na presença de várias pessoas e em um meio que facilita a propagação”, conclui a delegada.
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