Goiás é referência nacional no transplante de rins e córneas
O Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos é comemorado nesta quarta-feira (27). A…
O Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos é comemorado nesta quarta-feira (27). A data busca incentivar e conscientizar as famílias sobre a importância do transplante de órgãos e tecidos, bem como a importância de se tornar um doador e salvar vidas.
Em comemoração à data, o Hospital Alberto Rassi (HGG) divulgou hoje o balanço do Serviço de Transplante Renal, que já realizou 60 procedimentos em apenas seis meses. Esse valor bateu a meta estipulada para um ano. O bom resultado colocou a unidade de saúde como uma das principais transplantadoras do Centro-Oeste, sendo uma referência nacional nesta especialidade, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).
Katiley Morais Neto, paciente do HGG, perdeu parte das funções renais devido a uma nefrite. Ela estava há cinco anos na hemodiálise e agora está muito feliz com o novo órgão. “Não esperava que seria tão rápido. Praticamente tudo na minha vida vai mudar”, contou. Para Marcondes da Silva Rodrigues, que foi operado em julho, o transplante renal foi como viver novamente. “Agora eu tenho asas para voar. Antes, a hemodiálise era um tipo de prisão e agora quebraram as correntes que me aprisionavam”, disse.
Ainda segundo publicação recente do RBT, da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos e Tecidos (ABTO), Goiás ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de transplantes de córnea. De acordo com o gerente da Central de Transplantes de Goiás, Fernando Castro, em todo o ano de 2016 foram realizados 778 transplantes de córnea em todo o Estado. Em 2017, até final de julho, foram realizados 630 procedimentos. “A expectativa é de que até o fim do mês seja alcançado o total de transplantes do ano passado”, afirma.
Doações
Em Goiás, o número de doares ainda é baixo se comparado à média nacional. Ao fim do primeiro semestre deste ano, a taxa foi de 7,2 doadores por milhão de população, sendo a média nacional de 16,2 por milhão.
Entretanto, esse número tem aumentado lentamente em função das campanhas de conscientização e sensibilização. “Outro motivo para o aumento do número de doadores foi a capacitação de profissionais de saúde que passou uma maior credibilidade para a população”, conta o gerente.
Sendo o número de doador baixo, é previsível, um elevado número de pessoas que esperam por doações. Em Goiás temos aproximadamente 350 pessoas na fila de espera por uma córnea, 250 a espera de um rim e 5 pacientes à espera de um coração.
Recusa
Para que a doação seja feita, é necessário o consentimento da família do indivíduo. Segundo o gerente da Central de Transplantes, as recusas se devem principalmente ao desconhecimento do processo de doação de órgão e tecidos.
“Para ser doador você não precisa deixar nada por escrito. Hoje o consentimento familiar é o que está valendo. Por isso é necessário levar essa discussão para o seio familiar, deixando claro a sua família sobre sua decisão de ser doador”, explica Fernando.
A negativa familiar é o principal motivo para que um órgão ou tecido não seja doado no Brasil. O número é alto, cerca de 43% no Brasil, e 68% em Goiás, segundo dados da ABTO no primeiro semestre de 2017.
Tipos
No Estado de Goiás existem estabelecimentos habilitados e equipes credenciadas para realizarem transplantes de córnea, transplantes de medula óssea, transplantes de tecido músculo-esquelético, transplantes renais e de coração. Fernando explica que os procedimentos relativos aos transplantes de órgãos e tecidos apresentam complexidades distintas, tanto em relação ao processo cirúrgico quanto a infraestrutura e cuidados pré e pós transplante.
Para a doação de córnea, por exemplo, a abordagem familiar pode ser realizada em até 6 horas após constatado o óbito. “Esse tempo pode favorecer uma maior assimilação do ocorrido por parte dos familiares e aumentar a possibilidade de consentimento familiar”, explica o gerente.
Já em casos de doação por morte encefálica, o possível consentimento familiar está muito próximo da comunicação do óbito, devido as particularidades referentes aos aspectos legais e logísticos que envolvem a extração e implante dos órgãos para melhor prognóstico dos receptores.
Outra consideração importante é o tempo da retirada do órgão até o implante. Após o processo de doação, a córnea pode ser conservada por até 14 dias, diferente dos órgãos, que variam de acordo com o tipo. Os rins podem ser conservados por até 36 horas, o pâncreas por 20 horas, o fígado por 12 horas, pulmão por 6 horas e o coração por 4 horas.
*Juliana França é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.