MALHA VIÁRIA

Goiás não deve aderir à greve dos caminhoneiros, diz presidente dos autônomos

O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Goiás (Sinditac), Vantuir Rodrigues afirmou…

O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Goiás (Sinditac), Vantuir Rodrigues afirmou ao Mais Goiás que, se depender da entidade, os motoristas do estado não vão aderir à nova greve dos caminhoneirosanunciada para esta segunda-feira (1°). Segundo ele, a classe não está sendo assistida pelo presidente Jair Bolsonaro, porém o momento não é propício para a paralisação nacional: “pode levar o país ao colapso“, sublinha.

“Os caminhoneiros são quem movem a economia desse país. Sei que não estamos sendo amparados pelo governo e estamos passando dificuldades assim como qualquer outra classe. Mas esse é um momento impróprio de parar. Nós que somos autônomos temos família, quem trabalha com os empresários têm famílias. E a paralisação nesse momento pode levar o país em colapso”, pontua.

Vantuir afirma que a atual situação é ainda mais grave que a de 2018. “O mundo está doente. A situação é muito mais delicada que na última paralisação. Não sou político, mas precisamos de alguém que olhe por nós. Porém, a nossa esperança é que a vacina traga um fim para esse mal. Perdemos muitos companheiros para essa doença. O preço da carga está muito pesado para o motorista, mas têm pessoas que precisam de nós”, explica.

Paralisação incerta

Assim como Vantuir, algumas entidades acreditam que o momento não é viável para uma paralisação, caso da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava). Ambas estavam presentes na greve de 2018.

Outras, no entanto, se posicionam a favor, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB) e Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC).

O presidente da ANTB, José Roberto Stringasci, afirmou ao Mais Goiás que a paralisação enfrenta alguns entraves judiciais. Os tribunais de Justiça do Rio e de São Paulo, por exemplo, já deferiram liminares que proíbem bloqueios em algumas rodovias dos estados.

Apesar da existência de locais que propiciam a paralisação, a orientação do CNTRC é que os caminhoneiros e apoiadores fiquem em casa devido à pandemia. Quem “estiver em trânsito”, a orientação é que estejam em apoio na pista, nos pátios, nos pontos de paradas e que sigam as normas de saúde, como o uso de álcool em gel e distanciamento social.

Motivações

A classe reivindica o aumento do preço dos combustíveis e se posiciona contra a política de preços da Petrobras, que se baseia na paridade com os preços internacionais.

A classe também reclama sobre os baixos preços dos fretes e o descumprimento da lei que prevê o piso mínimo entre frente. Essa medida está com a constitucionalidade para ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Os caminhoneiros também buscam por mudanças na BR do Mar, marco regulatório do transporte marítimo, que incentiva a navegação por cabotagem, ou seja, entre os portos do país. Melhorias de condições de trabalhos e alterações nas regras de jornada. Aposentadoria especial também está entre as discussões.

Pedido do presidente

Com a situação ganhando espaço, Jair Bolsonaro pediu, na último sábado (30), que os caminhoneiros não façam greve.

“Fiz apelo aos caminhoneiros. Sabemos dos problemas deles. Se tivesse condições, zeraria PIS/Cofins óleo diesel, que está em R$ 0,33, mas vamos tentar zerar pelo menos, mas não é fácil”, solicitou.

Bolsonaro falou que conversou com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, mas que não interfere na política de preços. Na última quinta-feira (28), o presidente da estatal disse que a ameaça da paralisação não é problema da Petrobras.

A situação ainda ganha mais incertezas após um áudio do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmando que não vai atender a pauta da categoria circular em grupos do WhatsApp da classe nos últimos dias.