LEVANTAMENTO

Goiás precisará de 11 mil leitos caso adesão ao isolamento siga baixa

Estudo ressalta que, no pior dos cenários, mais de mil pessoas podem morrer até o final de junho em Goiás

O aumento dos casos do novo coronavírus no interior do Brasil tem levado os infectados a chegar aos grandes centros urbanos com prognósticos bastante negativos de recuperação.

Estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) mostra que vai ser preciso abrir mais 11 mil leitos hospitalares no Estado até junho (sendo 400 de UTI) se a adesão popular isolamento continuar baixa. Atualmente, Goiás registra índice menor que 40%. Até o fim do mês que vem, a projeção da UFG é de que morram 1.151 pessoas em função do coronavírus.

Para chegar a esta projeção, os pesquisadores estudaram dois cenários: um com um alto índice de adesão ao isolamento – realizado entre os dias 21 a 27 de abril – e outro com baixa adesão – de 14 a 27 de abril. De acordo com o professor Thiago Rangel, o estudo levou em consideração a estrutura de saúde nos 246 municípios; a velocidade de transmissão do vírus; tempo de incubação do vírus até que os sintomas se manifestem; prazo médio que um paciente internado leva para se curar; período em que um paciente fica na UTI; e a probabilidade de morrer.

No melhor cenário, será necessária a abertura de 440 leitos até o final de maio e 3950 até o fim de junho. No pior cenário, o Estado pode ter que criar 511 leitos até o final deste mês e 11.060 leitos até o próximo mês.

Avanço da necessidade de leitos caso o isolamento social se mantenha em baixa (Foto: UFG)

De acordo com o estudo, a adesão ao isolamento cai 2,5% por dia em Goiás. “Significa mais gente nas ruas. Não podemos esquecer que a pandemia avança conforme o comportamento da população muda. Também cabe ressaltar que as medidas do passado interferem no futuro”, diz Thiago.

O professor explica que a relação entre a queda na adesão ao isolamento e o aumento de casos confirmados se nota em um intervalo de dez a 15 dias. Desta forma, o impacto se observa da seguinte forma: em dez dias, nos boletins; em 20 dias, nos hospitais; e 30 dias, nos cemitérios.

“As pessoas falam muito da dengue, pro exemplo, e que ela continua matando. Mas vale ressaltar que com a dengue a gente já aprendeu a conviver e que a curva da morte se mantém neutra. O que não acontece com a Covid-19 e que é totalmente nova em todos os sentidos”, diz Thiago.

O professor afirma que a população resiste em enxergar a pandemia como uma catástrofe, “a não ser que as pessoas leiam um livro de História”. O pouco grau de instrução dos brasileiros, na opinião dele, agrava o problema. “Essa situação, por incrível que pareça é novidade para muita gente. Outro fator que afeta a situação socieconômica. A pessoa que fica presa dentro de casa se preocupa com as contas e com o que vai comer. Isso é ofensivo para a pessoa”, diz.

Atual situação

Vale lembrar que Goiás chegou a ser o estado com maior adesão da população ao isolamento social, com índice próximo a 60%. Agora, é o segundo estado com menor índice adesão, perdendo apenas para o Tocantins.

O Mais Goiás também foi atrás do quantitativo de UTIs disponíveis. De acordo com a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), entre os associados há 1,6 mil leitos – entre enfermarias e apartamentos e mais 500 de UTIs, o que totaliza 2,1 mil. Desse total, 100 leitos de UTI e cerca de 120 dos comuns são destinos aos doentes da Covid-19.

Já a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que são 243 leitos dedicados a pacientes com coronavírus. Destes, 118 estão em implantação. Eles serão ativados de acordo com a demanda. Dos leitos já ativos são: 45 UTIs (15 em Anápolis e 30 em Goiânia) e 80 leitos de enfermaria (18 em Anápolis e  62 em Goiânia), somando um total de 125.

A pasta destaca que, do total de 45 leitos de UTI dedicados para Covid-19 já ativos, 26 estão disponíveis (57,78%) e 19 ocupadas (42,22%).Do total de 80 leitos de enfermaria, 51 estão disponíveis (63,75%) e 29 ocupadas (36,25%)  até esta sexta-feira. A estimativa é que mais 960 leitos sejam abertos, em todo Estado, em unidades divididas em Jataí, São Luis dos Montes Belos, Formosa, Luziânia, Águas Lindas, Porangatu, Anápolis e Itumbiara. Esses leitos serão em hospitais estadualizados, modulares e com convênio com prefeituras.