Goiás pode adotar passaporte da vacina obrigatório para incentivar imunização
Segundo Flúvia Amorim, a exigência do passaporte da vacina poderia ser usada para acelerar o ritmo da vacinação em Goiás, que está estagnado
Com a chegada da variante ômicron da Covid-19 no Brasil, e a estagnação dos números da cobertura vacinal em Goiás, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) avalia a adoção de medidas mais severas de incentivo à população para se imunizar. Uma dessas possíveis medidas é a obrigatoriedade da apresentação do passaporte da vacina – documento que comprova o recebimento das duas doses do imunizante – para acessar estabelecimentos comerciais e públicos.
Ao Mais Goiás, a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, se mostrou preocupada com a lentidão no ritmo da vacinação contra o coronavírus em Goiás e com a chegada da nova cepa da Covid-19, e afirmou que uma quarta onda da doença no estado é uma possibilidade que está ligada ao comportamento da variante e ao cumprimento dos protocolos sanitários por parte da população.
Veja a entrevista com a superintendente abaixo:
Quais os fatores que podem levar à uma quarta onda da Covid-19?
O principal fator que pode interferir nessa quarta onda, e já vimos isso acontecer em outros lugares, é a introdução de uma variante nova. Quando a gente vê essa possibilidade da variante ômicron, a gente vê a possibilidade de uma nova onda. Outro fator é a baixa cobertura vacinal e a não utilização de protocolos, mesmo sem mudança de variante que era o que estava acontecendo na Europa.
Então, com a confirmação de casos da variante ômicron no Brasil, a chance de uma quarta onda aumenta?
É possível, mas não dá pra afirmar que vai acontecer. Com a variante Delta nós não vimos isso acontecer aqui no Brasil e em Goiás. Quando avaliamos o gráfico, vemos que, mesmo com a introdução da Delta, nós não tivemos aumento nem de casos, nem de internações e nem de óbitos. E qual foi o principal motivo? Vacinação, porque chegamos em um momento de mais pessoas imunizadas e as pessoas ainda, querendo ou não, usando máscara.
Diante das incertezas, existe é a possibilidade uma quarta onda. É uma possibilidade, não quer dizer que é um fato concreto.
De acordo com os dados do Painel Covid, a gente tem 58% de pessoas no geral vacinadas com as duas doses, e 69% de pessoas acima de 12 com as duas doses. Como a senhora avalia isso? A SES pretende adotar uma outra abordagem pra tentar aumentar esse número?
A gente tem trabalhado muito com gestores municipais para entender o porquê de [a vacinação] estar parada. A gente tem identificado algumas situações. Em alguns municípios, não são todos, há uma limitação do horário nas salas de vacina, que pode estar dificultando o acesso, e em outras tem a sala de vacina, tem vacina e horário disponível e mesmo assim a população não procura. Diante disso, estamos trabalhando junto com o Ministério Público uma campanha de divulgação para que busquemos as pessoas que estão com a segunda dose atrasada e que ainda não tomaram nenhuma dose.
Há possibilidade de o Estado adotar uma medida mais severa, como a obrigação do passaporte da vacina ou algum tipo de multa?
Estamos desde segunda-feira analisando o cenário epidemiológico e verificando algumas experiências de outros locais para ver o que é mais viável e o que é factível. Não adianta a gente impor se as pessoas não entenderem que é necessário.
Algumas experiências foram muito interessantes. Em Inhumas, houve um show de música sertaneja e a prefeitura exigiu que, para liberar o show, a organização tinha que obrigar a apresentação de vacinação completa. Com isso, eles vacinaram 900 pessoas com dose atrasada em um único dia. Então a gente vê que essa é uma estratégia viável.
Então há a possibilidade de a SES exigir esse passaporte?
Sim.
Recentemente a SES informou que elabora, em conjunto com o Ministério Público, um documento sobre a realização de eventos festivos em Goiás, como o carnaval. O que deve constar nesse documento?
Na verdade, ainda é muito cedo pra gente falar sobre o carnaval, porque vai ser no final de fevereiro ainda. Até lá, precisamos entender qual é o cenário epidemiológico pelo menos mais próximo que se apresenta, para saber qual decisão tomar. Porque qualquer decisão que a gente tomar hoje, pode ser muito precipitada para bem ou mal. Então vamos esperar ficar mais próximo do carnaval para saber qual será a decisão.