Goiás prepara escolas para itinerários do Novo Ensino Médio
Estado tem 17 propostas de itinerários formativos
Em Goiás, escolas públicas se preparam para o Novo Ensino Médio, onde 60% das aulas serão com disciplinas obrigatórias da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, no restante do tempo, os alunos poderão escolher específicas que mais interessam, que são os chamados itinerários formativos. As alterações devem ser concretizadas pelo Ministério da Educação (MEC) até 2024 nas unidades de ensino no Brasil.
As modificações tem objetivo de permitir que os alunos aprofundem conhecimentos em uma ou mais áreas de seu interesse.
O MEC publicou o cronograma de mudanças no Diário Oficial da União (DOU) no dia 14 de julho e deve funcionar a partir de 2022, onde a mudança chega ao 1º ano; em 2023 engloba o 2º ano e por último em 2024, atinge o 3º ano. O ministro Milton Ribeiro diz que investiu R$ 70 milhões nas secretarias e também na formação do corpo docente. Além disso, em todo o país, escolas piloto também receberam repasses totalizando R$ 360 milhões em apoio financeiro. Outra mudança vai além da grade curricular, que é o material didático.
Em Goiás, escolas terão diferentes opções de itinerário formativo
A superintendente de Ensino Médio da Secretaria de Estado de Educação de Goiás (Seduc), Osvany Gondim diz, que Goiás vem trabalhando as modificações desde 2019 e que o assunto já passa por diversas consultas públicas. Além de rodas de conversas com educadores, pais e alunos, um levantamento de arranjos socioeconômicos e uma parceria com o Instituto Unibanco, que inclui a formação de professores.
O documento curricular do Estado está desde o dia 30 de abril no Conselho Estadual de Educação aguardando aprovação.
“Todas as escolas serão contempladas, mas existem especificidades que serão consideradas, onde cada unidade terá pelo menos duas propostas, e teremos ainda seis opções de junção de áreas. Teremos eletivas livres e dirigidas”, explica. Ela afirma ainda, que os alunos poderão cursar eletivas em outra unidade que não seja a do ensino regular. Isso porque, cada escola terá diferentes opções.
“Nós da Secretaria da Educação entendemos que seria importante oferecer essas opções até que as escolas se apropriem dessa proposta para que depois possam fazer as suas preposições de itinerários. Foram formuladas 17 propostas de itinerários formativos que contemplam o documento curricular”, explica.
De acordo com a superintendente, todas as escolas entraram nesse processo de adesão ao Novo Ensino Médio. “As escolas devem apresentar no mínimo duas propostas para os estudantes e cada um escolhe uma para se aprofundar. Dessas 17 propostas, a escola vai escolher duas. Estamos fazendo um levantamento das condições de cada município para identificar as potencialidades de cada região”, reforça a superintendente.
Como vai funcionar o Novo Ensino Médio?
Carga horária dos três anos do ensino médio hoje é de 2.400 horas e passará para 3.000 horas. Além do total, 1.800 horas (60%) são destinadas às disciplinas obrigatórias da Base Nacional Comum Curricular (BNCC);
As demais 1.200 horas (40%) serão dos chamados itinerários formativos e as escolas têm autonomia na grade. Com isso, cada escola precisa oferecer pelo menos uma opção complementar para a formação dos alunos sendo: Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas tecnologias; Ciências Humanas e Sociais aplicadas Formação técnica e profissional;
As escolas podem escolher como vai funcionar a carga horária: horário estendido ou contra turno em alguns dias. Podem ainda ser proporcionais mais matérias eletivas por área.
“Isso reduz as possibilidades para quem está na escola pública”, diz Sintego
Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), a forma como vem sendo organizado preocupa a categoria. “Achamos que a sistemática acabou puxando muito para a matemática e português em detrimento de outras disciplinas e áreas de conhecimento. As escolas particulares continuam trabalhando com todas as linhas de conhecimento e achamos que isso reduz as possibilidades para quem está na escola pública”, afirma.
Segundo Bia é preciso estimular os alunos a terem perspectivas de alcançar uma universidade. “Achamos que investir no ensino médio é uma necessidade. Precisamos estimular um ensino médio que dê formação plena, até para o estudante continuar tendo oportunidade e perspectiva de ir para uma universidade. É um aligeiramento do ensino médio e da opção técnica profissionalizante como uma forma de tirar a condição de buscar as universidades e conduzir para o mercado de trabalho, na verdade o propósito é esse”, destaca.
“Vemos com preocupação e precisamos garantir mais do que nunca uma formação ampla, plena e continuada para o ensino médio”, reforçou.
Já quando avalia no ponto de vista profissional, Bia diz que o grande ponto que preocupa é a forma de organização. “Restringiu disciplinas diminuindo a carga horária de diversas áreas e com isso vai criar dificuldade para profissionais que estão em áreas diversas a ter campo de atuação nas escolas do ensino médio”, pontuou a presidente da categoria em Goiás.