Estupro de Vulnerável

Goiás registra quase dois mil estupros de vulnerável em 2018

Dados da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) revelam uma realidade assustadora no Estado. Em…

Dados da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) revelam uma realidade assustadora no Estado. Em 2018, foram registrados 1.934 estupros de vulnerável, número 2,44% maior do que registrado no ano anterior e que representa cinco casos desse crime por dia em Goiás.

O estupro de vulnerável tem como vítimas os menores de 14 anos, indivíduos com algum tipo de deficiência mental, enfermidade ou que devido aos efeitos do álcool/substância entorpecente não tenha o necessário discernimento para a praticar o ato. Ainda conforme a SSP, durante o último ano, o número de abusos cometidos contra vulneráveis é três vezes maior do que contra adultos, que registrou 646 ocorrências em 2018.

Ao Mais Goiás a delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Paula Meotti, disse que a maioria dos crimes registrados em Goiânia ocorre com menores de 14 anos do sexo feminino. “Pudemos verificar que geralmente esses estupros são realizados por parentes das vítimas, pessoas conhecidas, que de alguma forma sejam próximas à família da vítima”, conta.

Segundo a delegada, os inquéritos mostram que os crimes ocorrem em um ambiente familiar. O agressor aproveita da confiança do menor e de momentos a sós com a vítima para realizar os abusos.

“Durante o inquérito, a vítima é encaminhada para a rede de proteção que dará o devido suporte à ela. Quando a Justiça permite, um profissional da psicologia realiza uma sessão com a vítima para que a gente acrescente isso ao inquérito também”, explica.

Estatísticas

Dados da SSP constataram ainda que a maior quantidade dos abusos foi registrada durante o mês de agosto, em segundas-feiras à meia-noite. Em todo o estado, Goiânia foi o município que mais teve ocorrências sobre estupro de vulnerável.

A capital goiana aparece no levantamento com 29,8% das ocorrências, número que representa 251 vítimas. Resultando em um aumento de 9,61% em relação a 2017 quando ocorreram 229 casos. Na sequência aparecem as cidades de Anápolis (11,5%), Luziânia (9,6%) e Aparecida de Goiânia (9,3%).

Capital do estado se destaca em ranking de casos de estupro de vulnerável

Conforme a delegada adjunta da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Aline Leal, nos casos em que as vítimas são mulheres ou possuam algum tipo de deficiência mental, é realizado o encaminhamento para o Hospital da Materno Infantil e Maternidade Dona Íris para receberem o atendimento médico preventivo.

“As unidades de saúde oferecem atendimento às vítimas de abuso sexual e, geralmente, disponibilizam medicamento para essas mulheres. Elas recebem medicação para o tratamento de DSTs e, também, assistência psicológica”, explica.

Atenção aos sinais

De acordo com a delegada da DPCA, Paula Meotti, é muito importante que os pais estejam atentos às mudanças comportamentais dos filhos para identificarem o quanto antes os abusos e, assim, realizarem as denúncias.

“É fundamental a atenção dos pais em relação aos filhos. Observem o comportamento de seus filhos. Ao notal sinal de mudança, fale com ele. Tente entender o que está acontecendo. Ter um diálogo aberto com os filhos é o melhor caminho para constatar logo o crime”, explica.

Paula diz que quanto antes for registrada denúncia sobre os abusos, mais rápido o autor poderá ser punido. “Devemos lutar para que os autores sejam punidos. Apenas responsabilizando o autor pelos crimes é que podemos começar a mudar a triste realidade que acontece em que centenas de crianças são violentadas todos os anos”, alerta.

Caso recente

Uma criança de 7 anos foi estuprada pelo ex-padrasto na noite do último sábado (5), em Carmo do Rio Verde, região central de Goiás. A mãe da menina flagrou o momento em que o ex abusava da filha e denunciou o caso na Polícia Civil (PC). O suspeito está foragido.

De acordo com o delegado responsável pela investigação do caso, Ricardo Pereira Alvares, a mãe estava separada do suspeito, mas os dois eram vizinhos.

Ao chegar em casa, a mãe notou que a filha não estava na residência e foi até a casa do ex. Ao chegar no local, ela flagrou o homem abusando da filha. Desesperada, a mulher entrou em luta corporal com o suspeito, que entrou dentro do veículo e fugiu.

Um inquérito foi instaurado para investigar o crime.

Carmo do Rio Verde. (Foto: Reprodução)

* Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo