Goiás tem cerca de dois mil novos casos de hanseníase por ano
Número coloca o Estado entre os seis com parâmetro de detecção muito alto segundo Ministério da Saúde
Goiás tem cerca de dois mil novos casos de hanseníase anualmente, conforme informações da Gerência de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Em 2017, foram 1217 novas infecções. O número coloca o Estado entre as seis unidades da federação com parâmetro de detecção muito alto, segundo o Ministério da Saúde.
No início deste ano, o Ministério lançou uma campanha incentivando o diagnóstico precoce da doença, de modo que os novos casos sejam tratados e curados com maior eficácia. Segundo o órgão, Goiás possui junto com Maranhão, Piauí, Pará, Rondônia, Roraima e Pernambuco o parâmetro de detecção muito alto, sendo inclusive, superior à média nacional (11,66 novos casos para cada 100 mil habitantes).
Em 2017, o número de novos casos de hanseníase em Goiás foi de 19,06 novos casos 100 mil habitantes. Este índice, segundo a enfermeira Edna Magalhães, coordenadora do programa de controle à hanseníase da SES, não quer dizer que os casos da doença no Estado têm aumentado.
O que acontece segundo Edna, é que nos últimos cinco anos, o número de novos casos permaneceu constante. “Goiás é considerado um estado endêmico em relação à hanseníase, ou seja, são necessárias ações efetivas para a redução do número de infectados. O diagnóstico pode ser feito em qualquer unidade de saúde por qualquer profissional qualificado e isso é essencial interromper novas infecções”, explica a enfermeira.
Entenda a doença
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae (ou bacilo de Hanses), que se aloja em células da pele e em nervos. Segundo a dermatologista do Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG), Larissa Fernandes Pimentel, a transmissão ocorre através do contato direto com doentes sem tratamento, pois estes eliminam os bacilos através do aparelho respiratório.
As gotículas da fala, tosse e espirro das pessoas contaminadas podem transmitir a doença. Contudo, segundo a dermatologista, no caso dos doentes que recebem tratamento médico adequado, não há risco de transmissão.
A hanseníase manifesta-se através de lesões de pele que se caracterizam por diminuição ou ausência de sensibilidade. A orientação é que, em casos de manchas brancas com essas características, o paciente procure uma unidade de saúde.
Larissa esclarece que o tratamento é realizado por meio de medicamentos via oral. “Esta doença é tratada nas unidades de saúde e seu tratamento é gratuito. Tratamento integral de um caso de hanseníase compreende o tratamento quimioterápico específico – a poliquimioterapia (PQT)- seu acompanhamento, com vistas a identificar e tratar as possíveis consequências e complicações da doença e a prevenção e o tratamento das incapacidades físicas”, conta a médica.
Edna Magalhães ressalta também a necessidade de acompanhamento das pessoas próximas ao infectado. Por ser transmitida pela via respiratória, segundo a enfermeira, é comum que parentes, colegas de trabalho ou escola também se contaminem.
Por esse motivo, quando um caso de hanseníase é detectado, os médicos são orientados a chamar familiares e pessoas próximas do doente e explicar as especificidades da doença. Além disso, esses contatos (como são chamados indivíduos próximos ao doente) também são submetidos a exames e tratamento em caso de contágio.
Erradicação
A dermatologista Larissa Fernandes Pimentel acredita que falta conscientização e informação sobre a hanseníase. Para a médica, como muitas pessoas desconhecem os sintomas da doença, a detecção rápida fica prejudicada, o que acarreta na transmissão da bactéria e em novas infecções.
Edna reforça que é possível quebrar a cadeia de transmissão. Para que isso aconteça, todos os procedimentos devem ser executados corretamente, incluindo o diagnóstico precoce e a atenção aos contatos da pessoa infectada. No entanto, para a enfermeira, a erradicação da hanseníase está longe de ser uma realidade em Goiás.
*Amanda Sales é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo