Fraude

Goiás vai endurecer controle sobre o Bolsa Uniforme após golpes

Esquema descoberto pela própria PM envolvia loja credenciada e estudantes de colégios militares

O Governo de Goiás anunciou que irá endurecer o controle sobre o Bolsa Uniforme após golpes registrados em colégios militares de Goiânia. Na terça-feira (29/10) duas pessoas foram presas por aliciar alunos dessas instituições de ensino para promover desvio de recursos do programa Goiás Social, os quais são exclusivos para compras de uniformes.

De acordo com o governo, o uso da verba terá fiscalização intensificada tanto no uso do dinheiro pelos estudantes como em relação à lojistas cadastrados.

Uniformes serão verificados com frequência

O próprio Comando de Ensino identificou que alguns estudantes não trajavam uniformes novos ou faltavam às aulas por não estarem uniformizados, detalhou o comandante-geral da Polícia Militar, Marcelo Granja, durante coletiva de imprensa realizada no Colégio Estadual da Polícia Militar Vasco dos Reis, na última quarta-feira em Goiânia.

Segundo o Comando de Ensino da Policia Militar, os alunos terão os uniformes inspecionados para confirmar que o cartão está sendo usado para o fim que é determinado. “Vamos intensificar ainda mais as inspeções dos uniformes adquiridos com estes cartões. Estamos atentos”, afirmou a comandante de Ensino da Polícia Militar, Quéren Hapuque de Leles.

Um empresário credenciado pelo Estado e uma mulher apontada como aliciadora dos menores foram presos na terça-feira (29). Ela atuava para convencer os alunos a participarem do esquema, por meio do qual a loja ficava com 20% a 25% do valor do cartão.

Bolsa uniforme: alunos suspensos podem ser expulsos

Cerca de 63 alunos de colégios militares de Goiás, suspeitos de participação no esquema, podem ser expulsos do sistema de ensino militar. O programa foi criado com o objetivo de auxiliar na compra de fardas e como regra não pode ser usado para outro fim.

Esses alunos foram contemplados com o crédito em agosto e agora estão suspensos e podem ser transferidos para outras unidades da rede pública de ensino.

“Nós não podemos deixar, em hipótese nenhuma, que uma fraude com 63 cartões, até o presente momento, possa macular a imagem de todos dos colégios militares e, principalmente, do governo do Estado de Goiás”, disse o comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Marcelo Granja.

Ele também esclareceu que não há qualquer participação de servidores públicos no esquema e que o programa vai continuar normalmente.

Golpistas desviavam dinheiro de cartões de alunos

De acordo com o delegado Humberto Teófilo, a mulher presa era quem abordava os alunos nas imediações de colégios militares em Goiânia e convencia os alunos a comprar artigos escolares em lojas credenciadas ao estado. Embora o dinheiro seja para gasto específico com uniformes, nada era adquirido.

“O empresário passava o valor total de R$ 970 e ficava com 25% do dinheiro, que era entregue para a aliciadora. Ela também ficava com parte do dinheiro e, o restante, cerca de R$ 600, era transferido aos estudantes via pix”, explica Teófilo.

Investigação continua

A Polícia Civil continuará as investigações, inclusive com apuração de possível envolvimento de pais. Os presos devem responder por associação criminosa, peculato e corrupção de menores

O diretor-presidente interino da Agência de Fomento de Goiás (Goiásfomento), Lucas Fernandes, afirmou que também vai intensificar o controle no processo para credenciar os lojistas.

Bolsa Uniforme

O benefício é concedido por meio do Goiás Social, que mantém uma rede de fornecedores devidamente cadastrados. Segundo a PM, isso possibilitou a rápida identificação das irregularidades e dos suspeitos. A aquisição dos itens é feita em lojas credenciadas e mediante uso de senha. Cerca de 75 mil alunos são atendidos com o programa, que destina R$ 970 para compra do uniforme.