Governo discorda de critérios para abertura de turmas em campus da UEG
Em entrevista ao Mais Goiás, secretário-geral da Governadoria afirmou que universidade não utilizou o critério de procura de alunos para abrir as turmas
A publicação do edital para o vestibular da Universidade Estadual de Goiás (UEG) não agradou ao governo do estado. Isso porque houve uma alteração nos critérios de abertura de cursos em algumas cidades, com relação ao que foi utilizado em 2019. Em 2021, 16 cidades não abrirão vagas para o vestibular.
Em entrevista para o Mais Goiás, o secretário-geral da Governadoria, Adriano Rocha Lima, ressaltou que contratos irregulares com professores levaram a UEG a diminuir a quantidade de cursos ofertados em algumas unidades. Entretanto, ele afirmou que o modelo utilizado levava em conta o maior número de alunos, critério que não foi seguido dessa vez.
“Nós discordamos totalmente desse edital”, disse o secretário. “Tivemos uma redução do número de professores por uma imposição jurídica de contratos irregulares. Por isso, definimos que o formato do edital seria da seguinte forma: Se um curso era oferecido em 10 cidades e agora só pode ser oferecido em sete, a escolha seria feita pelo aluno. Caso não houvesse número de alunos o suficiente para formar uma turma, ele poderia escolher outra localidade para fazer o curso”.
“Nesse edital, a universidade decidiu por conta própria quais unidades ofereceriam os cursos”, continuou. “Eles utilizaram um critério deles e aprovaram no conselho universitário, que tem autonomia para isso”.
Apesar da discordância, Adriano ressaltou que o governo não pode interferir nas decisões tomadas. Por fim, ele pontuou que o governo conseguiu apresentar um edital em 2019 porque a UEG estava sob intervenção. Agora, os conselhos constituídos tem a palavra final.
“A universidade pública é protegida por uma lei constitucional de autonomia. Quem toma essas decisões é o conselho, que tem autonomia. Mesmo que o reitor seja interino, ele não decide”, concluiu.
“Temos certeza do que estamos fazendo”
Em entrevista ao Mais Goiás, o reitor da UEG, Prof. Valter Gomes Campos, afirmou que as mudanças no edital foram feitas com base em estudos técnicos realizados ao longo de todo o ano passado.
O reitor explicou que o processo judicial citado pelo secretário obrigou a universidade a demitir 800 professores, o que exigiu uma diminuição de cerca de 1.400 vagas ofertadas anualmente. Por esse motivo, desde 2019 foi adotado o critério de procura de alunos.
“Esse processo, entretanto, gerou distorções”, disse o reitor. “Como não tínhamos nenhum critério, organizamos para que as turmas que fechassem o número de alunos primeiro eram as escolhidas. Isso acabou gerando uma série de turmas incompletas, por causa da mobilidade. A maioria dos alunos da UEG estuda na sua cidade ou em uma cidade próxima e não tem condições de se deslocar tanto”.
Valter ressaltou também que, para 2021, foram utilizados critérios técnicos que contemplaram a quantidade de professores efetivos, a capacidade de contratação de novos professores e as avaliações do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e do Conselho Estadual de Educação (CEE).
Por fim, há um critério de regionalização. “Dividimos a UEG em oito regiões no estado. Se o curso de administração, por exemplo, tem 10 cursos, mas só tem professores para cinco, vamos ofertar em cinco regiões distintas, mesmos que os indicadores sejam um pouco menores”, disse o reitor.
Por fim, o reitor defendeu os novos critérios, afirmando que o trabalho foi pensando levando em consideração a reestruturação da UEG. “O trabalho foi feito com altíssima qualidade. Os diretores se debruçaram ao longo de todo o ano de 2020. Passamos uma régua para deixar em um ponto em que a gente pode pensar em uma reestruturação”, concluiu.
Inscrições abertas
O período de inscrição para o vestibular da UEG vai de 4 a 23 de fevereiro e o período de solicitação de isenção da taxa de inscrição fica aberto entre 4 e 7 deste mês.
A universidade oferece 3.224 vagas, distribuídas em 86 turmas de 30 cursos de diversas áreas do conhecimento – como engenharia civil, letras, pedagogia, direito, educação física, história e farmácia. Segundo a UEG, cada uma das 86 classes terá duas vagas extras destinadas a alunos quilombolas.
A taxa de inscrição para o vestibular 2021/1 é de R$ 80 para todos os cursos. Já para o processo seletivo de medicina, a inscrição custa R$ 180. A previsão é a de que as provas sejam aplicadas em 11 de abril para os candidatos a uma vaga de medicina e 21 de março para os vestibulandos dos outros cursos.