Gravidez na adolescência cai 51% em 20 anos em Goiás, aponta estudo
O estudo sobre gravidez na adolescência analisou o número de nascidos vivos e a Taxa de Fecundidade por Idade Específica
O índice de gravidez na adolescência em Goiás teve uma queda de 51,3% nos últimos 20 anos. É o que aponta um estudo de uma ginecologista membro da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), que verificou uma redução de 93 meninas grávidas a cada mil para 45,2 a cada mil entre 2000 e 2019.
O estudo foi conduzido pela médica ginecologista Denise Leite Maia Monteiro e analisou o número de nascidos vivos (NV) e a Taxa de Fecundidade por Idade Específica (TIEF) de meninas de 15 a 19 anos, entre o período compreendido entre os anos 2000 e 2019. De acordo com Monteiro, em 2000 a gestação juvenil atingiu 93 meninas em cada mil. Já em 2019, esse índice caiu para 45,2 em cada mil.
Porém, a especialista aponta que apesar da importante evolução, o cenário da gestação adolescente continua preocupante. Ela explica que a gravidez na adolescência está associada à evasão escolar, maior perpetuação da pobreza gerando impactos pessoais e sociais. Na esfera da saúde, “a gravidez precoce acarreta inúmeras consequências para a adolescente e o recém-nascido. As complicações gestacionais e no parto representam a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente.
Já entre os outros estados brasileiros, o estudo verificou que houve uma redução média foi de 40,7% no número de nascidos vivos de mães adolescentes. No entanto, vale destacar que cada estado apresentou uma realidade distinta que variou de -17,4%, no estado maranhense, a -56,1% no Distrito Federal. Para Monteiro, “a proporção de nascidos vivos de mães adolescentes do Sudeste e Sul são as menores do País, o que demonstra tendência inversamente proporcional ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”.
Especialista alerta para os riscos na gravidez na adolescência
Para o cirurgião-geral do Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), Daniel Flávio Cabriny de Almeida, a gravidez na adolescência pode apresentar fatores de risco para mãe e para o bebê, entre eles, o duplo anabolismo – que é a competição biológica entre mãe e o feto pelos mesmos nutrientes. O médico explica que o risco acontece principalmente em menores de 16 anos ou quando a ocorrência da primeira menstruação foi há menos de dois anos.
“O corpo da mulher adolescente está em fase de formação. Há outros fatores de risco como: a bacia não estar desenvolvida o suficiente para o parto. Pode ocorrer pré-eclâmpsia ou desproporção pélvica-fetal e até complicações obstétricas durante o parto, como uma cesariana de urgência”, ressalta.
Fatores pré-existentes como diabetes, doenças cardíacas ou renais e doenças agudas, como dengue, zika, toxoplasmose podem agravar os quadros.