Greve dos motoristas do Eixão é a guerra para ser prioridade
Os motoristas do Eixo Anhanguera cruzaram os braços na manhã de hoje. O movimento paredista…
Os motoristas do Eixo Anhanguera cruzaram os braços na manhã de hoje. O movimento paredista se calca em uma briga para lá de legítima: eles querem ser considerados prioridade na ordem de vacinação contra a covid-19. Impossível não considerar justo. Justíssimo. Mas o problema é um pouco mais complexo.
Está em curso uma verdadeira briga de foice no escuro acerca dessa definição de quais categorias profissionais são prioridade na escala de vacinação. Todas têm sólidos argumentos para o próprio pleito. Caixas de supermercado, motoristas e entregadores de aplicativos, taxistas, técnicos de informática, veterinários de pet shop, repórteres de rua, técnicos das empresas de energia elétrica e saneamento básico, cuidadores de idosos, açougueiros e trabalhadores de frigoríficos, garis, jardineiros e mais um imenso rol de atividades que certamente são tão ou mais essenciais do que as que listei.
O problema real é que estamos nessa briga, nesse clima de farinha pouca meu pirão primeiro, por que fomos incompetentes ao adquirir vacinas do maior número possível de fornecedores no ano passado. O Chile fez isso e está com um percentual de seu povo vacinado bem maior que o brasileiro. Deixamos o bonde da história passar por cegueira ideológica, incompetência administrativa e cretinice existencial.
Agora, ficamos brigando por migalhas.
A Justiça já decretou a ilegalidade da greve e determinou a volta dos motoristas ao trabalho. Mas o recado deles já foi dado: a categoria está cansada de servir de bucha de canhão e ninguém olhar por eles. Como tantas outras.
Os motoristas do Eixão sinalizam que chegaram no limite. Outras categorias devem pegar o mesmo caminho.
Enquanto isso, morrem mais brasileiros do que nascem por dia, algo trágico e inédito em nossa história.
Entendeu por que a CPI para investigar todos erros que cometemos durante a pandemia é tão necessária?
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás