Greve por condições dignas de trabalho não está descartada, diz Sindicoletivo
Assunto passou a ser debatido após covid-19 provocar morte de três motoristas do transporte coletivo da Região Metropolitana
Funcionários do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia podem iniciar uma greve. É o que revela o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da categoria na Região Metropolitana (SindColetivo), Sérgio de Araújo. Segundo ele, o assunto passou a ser debatido depois que três motoristas da rede morreram contaminados com covid-19. A greve seria o estopim pela luta por melhores condições de trabalho.
Conforme exposto no boletim divulgado pela Redemob, além dos mortos, outras 43 pessoas estão afastadas com suspeita da doença, 14 pessoas tiveram confirmação para o covid-19 e outros dez funcionários de áreas administrativas foram diagnosticados. O consórcio também afirma que outras 196 pessoas que integram o grupo de risco. Dos condutores que morreram dois trabalhavam na Rápido Araguaia e um na Viação Reunidas.
De acordo com Sérgio, máscaras para uso dos funcionários da rede só foram custeadas pelas empresas depois de uma ação na Justiça. Ainda, ressalta que apesar de frascos de álcool em gel serem ofertados a higienização dos veículos deixa a desejar. “Essa limpeza é primordial para salvar a vida dos passageiros e do próprio motorista. Mas, de 100% que devia ser feito, apenas 20% está sendo realizado. Muitas vezes, a limpeza depende do próprio condutor”, pontua.
A categoria ainda reclama que transparência sobre a situação de contaminações entre os funcionários tem sido um problema. “Precisam realizar testes com todos os trabalhadores, porque podemos ter motoristas que são assintomáticos e podem transmitir a doença. O Terminal Vera Cruz, por exemplo, tem sido o local com mais propagação do vírus entre trabalhadores”, ressalta.
SET e RedeMob
O Sindicato das Empresas de Transporte (SET) e Redemob lamentaram as morte dos três colaboradores, mas afirmam que o trio estava afastado por compor o grupo de risco. Sérgio, porém, contesta essa informação. “Eu conheci uma das vítimas pessoalmente e ele estava na ativa. Dirigia a linha do Guanabara”, pontua.
Por outro lado, as empresas afirmam que “investimentos são recorrentes em orientação de todos os seus funcionários quanto às ações de prevenção à Covid-19 em palestras e distribuição de cartilhas informativas, bem como fazem a medição diária da temperatura dos colaboradores, oferecem máscaras e álcool em gel para todos, incluindo, motoristas”.
As companhias alegam cumprir os protocolos do Ministério da Saúde sempre que detectam casos suspeitos. “O profissional é afastado imediatamente, sendo direcionado ao serviço de saúde para diagnóstico e atendimento. Atualmente são 11 motoristas afastados por suspeita de contaminação. Vale ressaltar que os funcionários do sistema possuem plano de saúde, o que dá um grande suporte, inclusive, para suas famílias”.
Sobre a limpeza, ressaltam que veículos são higienizados ao fim de cada viagem. “Os motoristas também são orientados indicar ao usuário o respeito ao decreto do governo do Estado, que prevê apenas passageiros sentados e que utilizem máscaras de proteção facial, cabe à Polícia Militar e à Guarda Civil a responsabilidade imediata por esta fiscalização e controle junto ao usuário”.