Grevistas voltam à sede da SME de Goiânia para protestar contra violência da Guarda Civil
Integrantes do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed) protestam na manhã desta…
Integrantes do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed) protestam na manhã desta quinta-feira (27) contra a ação truculenta da Guarda Civil Metropolitana (GCM) que retirou a balas de borracha e golpes de cassetete os manifestantes que ocupavam a sede da Secretaria Municipal de Educação e Esporte (SME) nesta quarta (26). O ato de hoje está sendo promovido em frente ao órgão em “repúdio ao massacre sofrido pelos trabalhadores”, como atesta a página do sindicato na Internet.
A ocupação da SME aconteceu por volta das 16h desta quarta-feira e teria contado com a participação de pouco mais de 60 pessoas, segundo o próprio Simsed. Os manifestantes alegam que a ação era uma resposta da categoria à falta de diálogo da Prefeitura de Goiânia com os servidores em greve.
“Foi a alternativa que encontramos de forçar uma abertura de diálogo. Procuramos o Ministério Público e não tivemos resultado algum até agora”, afirmou Valmer Medeiros, vice-coordenador do Simsed. Segundo ele, membros do comando de greve entraram no prédio e pediram que os funcionários deixassem o local, mas nega que tenha havido violência por parte dos manifestantes.
Nota da Prefeitura
A Prefeitura de Goiânia encaminhou nota na manhã desta quinta-feira (27) justificando a ação de Guardas Civis Metropolitanos contra professores e estudantes que ocuparam a sede da Secretaria Municipal de Educação (SME) nesta quarta (26). No texto, o Executivo alega que os manifestantes agiram de forma “violenta e desrespeitosa”, invadindo o local encapuzados. Confira a íntegra da nota ao fim da matéria.
De acordo com a prefeitura, os protestantes desligaram a luz do prédio e estipularam o prazo de dez minutos para que os servidores deixassem o local sob ameça de agressão. Com base nesses acontecimentos, a “Guarda Civil foi chamada para reintegração de posse conforme estabelece o artigo 1210, parágrafo 1º, do Código Civil”, que estabelece que a administração pública pode retomar a posse do bem público ocupado sem autorização judicial.
Raquel Salomão, assessora de comunicação do Simsed, refuta a versão da prefeitura. De acordo com ela, os manifestantes entraram na sede da SME, explicaram aos servidores que ela estava sendo ocupada e pediram “gentilmente” que eles saíssem. O processo até que o último funcionário deixasse o local teria durado cerca de 30 minutos.
“Quando chegamos, não havia ninguém encapuzado. Mas depois que os servidores saíram e os portões foram fechados, realmente alguns cobriram o rosto por conta da criminalização da luta dos trabalhadores e também para se proteger de gás e spray de pimenta”, explica Raquel. Segundo ela, cerca de 60 pessoas — entre profissionais da educação e estudantes – estavam na ocupação.
A assessora nega que tenha havido o corte de luz alegado pela prefeitura e salienta que não houve qualquer tipo de vandalismo no prédio público. Conforme ressaltou, mais de 20 pessoas ficaram feridas durante a ação da GCM e algumas chegaram a ser detidas, mas todas foram liberadas até as 3h desta quinta.
Sobre o futuro do movimento, Raquel esclareceu que uma nova assembleia deve ser realizada nesta sexta (28) para definir os próximos passos, no entanto, ela pondera que não há previsão para o fim do movimento, já que a prefeitura estaria se negando a negociar com os servidores.
Greve
A greve da categoria começou no dia 11 de abril e tem uma lista de 32 reivindicações relacionadas à carreira, salário e condições de trabalho. Entre elas está o pagamento do piso para os professores, estrutura das escolas e segurança para servidores e alunos.
Confira a íntegra da nota da prefeitura sobre a ação de desocupação:
A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Educação e Esporte (SME), lamenta a forma violenta e desrespeitosa com que os integrantes de um movimento que não representa oficialmente a educação, invadiram o prédio da SME, na tarde desta quarta, 26.
Encapuzados, desligaram a energia do prédio e deram 10 minutos para os servidores desocuparem seus locais de trabalho. Trabalhadores saíram sob ameaça de agressão. A Guarda Civil foi chamada para reintegração de posse conforme estabelece o artigo 1210, parágrafo 1º, do Código Civil:
_”A administração pública pode retomar a posse do bem público ocupado sem autorização judicial, face à autoexecutoriedade dos atos administrativos O exercício da autotutela é garantido à administração pública em razão do regime publicístico dos bens estatais”_
Vale ressaltar ainda que, apesar do contexto geral de restrição orçamentária e financeira, compromissos para a valorização dos profissionais da Educação e melhorias nas unidades educacionais têm sido garantidos pela Prefeitura de Goiânia, entre eles: chamamento de 45% dos aprovados no concurso público; pagamento do piso salarial nacional dos professores, conforme estabelece a Lei nº 11.738/208; além de definir que a data-base dos administrativos será concedida retroativamente a janeiro desde ano.
Desde janeiro, a SME propôs a formação de comissões para discussões permanentes sobre carreira e benefícios aos servidores dentro do que é estabelecido pela legislação.