Grupo de combate à escravidão em Goiás resgata mais de 200 pessoas em 2021
Nesta sexta, 28 de janeiro, se celebra o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo
O Brasil comemora em 28 de janeiro, nesta sexta, o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Em Goiás, desde 2019 existe o Grupo Especial de Fiscalização Móvel, responsável por verificar denúncias e resgatar trabalhadores em condições análogas à escravidão.
Inclusive, o Estado é o segundo do País com maior número de resgatados. Em 2021, só em uma operação 116 trabalhadores foram retirados da condição de escravidão moderna, em Água Fria de Goiás.
É o maior número em uma só operação do Grupo Móvel em todo o País naquele ano. Vale citar, segundo o Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, a média de resgatados por ano – de 1995 a 2020 – é de 158 pessoas.
O montante no período foi de 4.109 pessoas em condição análoga à de escravos. Confira todos os dados AQUI.
Tiago Cabral, procurador do Trabalho do Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO), é coordenador da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conaete) do MPT. Segundo ele, o Grupo Móvel existe no Brasil desde 1995, por conta do caso José Pereira – saiba mais no fim da matéria.
Grupo Móvel em Goiás
Tiago explica que, ao longo dos anos, perceberam que era mais fácil e rápido ter grupos nos próprios Estados. Com isso, segundo ele, os números de resgates aumentaram exponencialmente. “Em 2018 foram 18 resgates. No ano passado, mais de 200”, revela.
De acordo com ele, a Superintendência Regional do Trabalho em Goiás tinha um projeto de combate ao trabalho escravo no Estado até o fim do ano passado. Esse ano, contudo, ele não teve notícias se haverá. O portal tentou contato com a superintendência por telefone para saber os planos de 2022, mas a ligação chamou até cair. O espaço segue aberto.
“Se não tiver será um retrocesso social e no combate ao trabalho escravo. Mas o MPT não irá abandonar, de qualquer forma, o combate ao trabalho escravo.”
Funcionamento do Grupo Móvel em Goiás
O Grupo Móvel é formado pelo MPT, Ministério do Trabalho (MT), Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviário Federal (PRF) e Defensoria Pública da União (DPU). Em relação ao funcionamento, ele explica que chega a denúncia aos órgãos e um grupo debate os assuntos.
“Então, a gente define uma data com alvos, conforme urgência e prioridade. E quem coordena o grupo um auditor-fiscal do trabalho, que convida os demais órgãos para se deslocar até a denúncia. Aí ocorre a fiscalização.”
Apesar de já terem denúncias, esse ano não tiveram investigações ou resgates. “Mas o Grupo Móvel em Goiás tem sido exemplo de trabalho em todo o Brasil. Nos últimos anos conseguimos números expressivos.”
Caso José Pereira
O caso José Pereira motivou a criação do Grupo Móvel. Ele tinha 17 anos quando se mudou para um fazenda no Pará, onde trabalhava do amanhecer até à noite.
Ele dormia em barracas de lonas e, junto com outros, era vigiado por capangas. Um dia tentou fugir com um colega de trabalho que foi baleado e morto.
José levou um tiro no olho, mas fingiu que estava morto e conseguiu escapar. Com a Polícia Federal, voltou à fazenda e ajudou a libertar 60 trabalhadores.
O caso dele foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O ocorrido se tornou um marco no Brasil pela luta contra o trabalho escravo moderno.