REPÚDIO

Grupo Gay de Goiás pede afastamento de PMs por agressão contra casal em Goiânia

Um casal gay denunciou agressões durante abordagem da PM em Goiânia, no último sábado

Grupo Gay de Goiás pede afastamento de PMs por agressão contra casal (Foto: Reprodução - Agência Brasil)

O Grupo Gay de Goiás pede o afastamento dos policiais militares suspeitos de agredirem um casal homossexual no último sábado (23), no setor Vila Alto da Glória, em Goiânia. Ao Mais Goiás, o grupo disse que encaminhou à Comissão de Direitos Humanos da OAB de Goías um requerimento para que a instituição cobre, da Corregedoria da PM, o afastamento dos responsáveis.

Segundo o grupo, ‘é inconcebível’ que o ocorrido, classificado pela associação como ‘crime de racismo gayfóbico e abuso de autoridade’ seja naturalizado. “A Homofobia é crime e não pode continuar impune na corregedoria militar do estado”, declarou.

Relembre o caso

Uma das vítimas alega que a abordagem foi feita por dois militares, mas somente um dos PMs agrediu o casal. De acordo com o homem, o militar bateu a cabeça dele contra o carro, o que deixou ferimentos e danificou a lataria do veículo. “Fiquei com medo de sair de casa depois. Precisei tomar remédios para tentar me acalmar”, lamentou um dos homens.

O casal, que está junto há 10 anos, havia acabado de chegar na casa de familiares e aguardava para entrar com o carro estacionado na porta. Nesse momento, ambos viram a viatura da PM se aproximar e anunciarem a abordagem.

'Medo de sair de casa': Casal gay denuncia agressão durante abordagem da PM em Goiânia
Segundo o homem o militar bateu a cabeça dele contra o carro, causando ferimentos e até amassando a lataria do veículo (Foto: Reprodução – Arquivo Pessoal)

“Ele começou a bater minha cabeça contra o carro, muito forte. Bateu três vezes e eu não entendi porque estava apanhando, já que eu não tinha feito nada. Fiquei muito assustado, comecei a gritar minha família”, explicou.

Ainda de acordo com o advogado, o mesmo PM também agrediu o marido dele com um soco no rosto, no momento em que foi conferir os documentos do casal. Nenhuma das vítimas possui antecedentes criminais.

“Como eu fiquei muito assustado, nunca tinha passado por aquilo, comecei a gritar muito por socorro. Meu companheiro me gritava ‘dá logo os documentos pra ele’. Foi nessa hora que o policial deu um soco no olho dele”, lamentou.

Uma das vítima passou por cirurgia para reconstruir a pálpebra

Um dos homens supostamente agredidos pelo PM passou por cirurgia para reconstruir uma das pálpebras. Logo pós a abordagem truculenta, o casal foi para o Hospital de Olhos de Aparecida de Goiânia. Na unidade, um dos médicos disse, inicialmente, que o ferimento não era tão grave. No entanto, momentos depois, constataram que o corte havia sido muito maior e mais profundo do que imaginavam.

“Tiveram que fazer a reconstrução da palpebra toda, porque houve um corte muito grande na parte interna do olho, além da parte externa”, explicou. A cirurgia durou cerca de 1 hora e a vítima se recupera sem maiores problemas.

Vítima de suposta agressão da PM passa por cirurgia para reconstruir pálpebra em Goiânia
Vítima de suposta agressão da PM passa por cirurgia para reconstruir pálpebra em Goiânia Vítima de suposta agressão da PM passa por cirurgia para reconstruir pálpebra em Goiânia (Foto: Reprodução – Arquivo Pessoal)

A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar por telefone e por e-mail, a fim de obter um posicionamento sobre o ocorrido. No entanto, ainda não recebeu retorno. O casal afirma que já registrou o caso na Polícia Civil.

Grupo ainda cobrou melhorias à comunidade homoafetiva de Goiânia

A instituição pediu ainda ao Superintendente LGBT da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Vitor Cadilac, que cobre do Secretário Municipal de Saúde, Durval Carvalho, a instalação do chamado ‘consultório gay’.

De acordo com o presidente do Grupo Gay, Léo Mendes, Goiânia tem 124 mil usuários de saúde homossexuais, tem dois consultórios trans e nenhum gay. O consultório ofereceria à comunidade maior suporte para as sequelas deixadas pelo abandono familiar e pelos abusos cometidos nas ruas.

“Não há psicólogo, psiquiatra, neurologista, proctologista para cuidar dessa comunidade que é expulsa de casa e vítima de violência da GCM e PM ”, afirmou Léo.