Grupo quer cercar Igreja Matriz de Pirenópolis contra “profanação” – comissão folclórica é contra
Um grupo de moradores de Pirenópolis encabeçado por membros da Irmandade do Santíssimo e alguns…
Um grupo de moradores de Pirenópolis encabeçado por membros da Irmandade do Santíssimo e alguns vereadores, estão em um movimento para colocar grades fixas permanentes entorno da Igreja Matriz – o principal monumento histórico do município e cartão postal da cidade.
O movimento defende que a igreja precisa ser protegida da “profanação”, como já acontece em períodos como réveillon e carnaval. Nesses períodos o templo é cercado temporariamente para evitar que muitas pessoas se aglomeram ao redor do prédio histórico.
A polêmica tem dividido opiniões. De acordo com a presidente da Comissão Pirenopolina de Folclore, Séfora de Pina, a ideia tem o propósito de mudar a paisagem do local, o que pode ferir o padrão estético da cidade.
“Estão tomando decisões sem comunicar as partes, prefeitura e até mesmo a paróquia. É uma coisa a ser estudada, mas que não tem viabilidade. Perde todo o encanto da cidade”, afirma ao Mais Goiás.
Para Séfora, o fato da cidade e da própria Igreja Matriz ser tombada historicamente já impede o andamento do projeto. “O padre ainda vai discutir e ouvir a paróquia toda, isso ainda será estudado. Todos estão achando um absurdo. Isso é uma coisa inviável por ser uma cidade do patrimônio histórico e a igreja ser tombada. Não pode simplesmente cercar com a grade atrapalhando a entrada e imagem da igreja, saindo totalmente do que é a cidade”, declara.
Ao Mais Goiás o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse, que desconhece a movimentação de instalação de grades fixas no entorno da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Pirenópolis. Além disso, intervenções e instalação de estruturas, como grades fixas, tem que passar pela avaliação do Iphan, de modo que não haja poluição visual ou qualquer outro dano próximo ou junto aos bens históricos tombados e reconhecidos como Patrimônio Cultural Brasileiro.
A autarquia federal é vinculada ao Ministério do Turismo e responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Alterações na constituição de prédios e cidades históricas precisam ter anuência do instituto para serem realizadas.
Líder do movimento defende ideia de cercar a Igreja Matriz de Pirenópolis
O presidente da Irmandade do Santíssimo, Eduardo Tadeu do Nascimento, explicou ao Mais Goiás, que as grades seriam instaladas para a “segurança” da Igreja Matriz.
“Esse gradeamento é mais que necessário e estamos tentando discutir para chegar a um consenso. Não se trata de preocupação estética, mas para proteger a frente da Matriz que se transformou em uma situação caótica”, alega.
“Não temos praça na cidade e os moradores e turistas se reúnem na porta da igreja, onde fazem churrasco e bebem. E no momento que os fiéis chegam para as missas está tudo uma bagunça”, reclama.
Segundo ele, pessoas ainda colocam carros com som alto na porta da igreja e a cerca evitaria esses comportamentos. “Estão fumando maconha na porta da igreja e isso é uma situação inusitada para nós”, completa.
Cerca contra “profanação” não prejudicaria a estética, segundo a Irmandade do Santíssimo
Na avaliação de Eduardo, a ideia não prejudica a estética. “A nossa Matriz tem 30 metros de altura e a grade que a gente quer tentar colocar é de 1,5m de altura aproximadamente. É só para proteger mesmo e isso não vai ferir a estética da igreja”.
A ideia da Irmandade do Santíssimo é que a barreira não impeça o acesso à porta da Matriz e que uma pessoa fique responsável por abrir e fechar o cercado.
Polêmica: assunto deve ser debatido em consulta popular
O líder do movimento disse ainda que pretende fazer uma consulta popular sobre a ideia. “Estamos pensando em fazer uma consulta popular para não sermos autoritários. Acredito que a grande maioria quer o gradeamento. É uma ideia que está amadurecendo e se fortalecendo ainda, principalmente, por essa questão de segurança. Caso aprovada, vamos buscar consenso com o IPHAN e com outras entidades para escolher o modelo da grade. Estamos abertos ao diálogo”.
Sobre o tombamento
O composto das riquezas históricas e culturais, do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico, Paisagístico e Histórico de Pirenópolis foi tombado pelo Iphan em janeiro de 1990. Com característica de um centro urbano em pleno desenvolvimento turístico e econômico, a cidade se manteve quase intocada até a metade do século XX, o que foi essencial para a formação de sua identidade cultural e para a preservação do patrimônio edificado.
O conjunto tombado abriga um dos mais importantes acervos patrimoniais do Centro-Oeste. Entre as construções, destacam-se a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, que foi o primeiro bem tombado pelo Iphan na cidade, ainda em 1941.