Segurança

Guarda Civil responsabiliza Metrobus pelo fim do projeto Eixo Mais Seguro, mas empresa refuta

Segundo o órgão, acordo firmado previa que a Metrobus deveria apoiar as ações da guarda por meio da manutenção de veículos e equipamentos, o que não teria sido cumprido

Problemas de logística levaram ao fim do projeto Eixo Mais Seguro, desempenhado pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) em parceria com a Metrobus para garantir a segurança dos usuários do transporte coletivo ao longo da Avenida Anhanguera. O órgão municipal acusa a empresa de descumprir sua parte do acordo ao não investir na manutenção dos veículos e equipamentos dos servidores. A Metrobus nega.

O convênio entre as partes foi firmado após negociações iniciadas na metade de 2015 e passou a vigorar a partir do fim de novembro. De acordo com o subcomandante Vladmir Passos, o acordo previa que a GCM cederia parte de seu efetivo para o trabalho enquanto a Metrobus forneceria os equipamentos e cuidaria da manutenção e dos combustíveis das viaturas utilizadas. No entanto, a empresa não teria cumprido sua parte do combinado.

“Entre dezembro e janeiro nós mantivemos cinco viaturas nas patrulhas, mas a média de funcionamento era de três, porque em alguns meses faltava combustível para alguma e outra apresentava problemas mecânicos”, explica o subcomandante.

Apesar das condições, 80 homens da guarda, treinados especificamente para o trabalho, se mantinham nas plataformas e terminais realizando a segurança. Porém, aos poucos a falta de suporte por parte da Metrobus começou a prejudicar o serviço desempenhado.

“Os problemas foram se agravando e nós procuramos o presidente da Metrobus [Marlius Machado]. Informamos a ele sobre as questões correlatas ao que estava causando transtornos, informamos que havia necessidade de correção do problema”, diz Passos. Ele relata que o presidente pediu um tempo para poder fazer os reparos, mas, passados três meses, nenhuma providência teria sido tomada.

Em outra tentativa, a guarda encaminhou até a Metrobus os veículos que necessitavam de conserto, que, segundo o subcomandante, apresentavam problemas que colocavam em risco a vida dos próprios servidores que os utilizassem. “Solicitamos o reparo e a manutenção, porém, não houve qualquer retorno por parte da Metrobus na semana seguinte. Então resolvemos por fim à parceria”, esclarece.

Passos ressalta que o trabalho realizado pela GCM junto aos usuários do transporte coletivo teve um impacto bastante positivo. Desde dezembro, a corporação realizou 2.316 abordagens, 1.978 rondas em terminais, efetuou 75 prisões e mais de 60 apreensões de armas brancas e de fogo, além de ter recuperado 18 veículos roubados ou furtados. “Fizemos o que era possível para garantir a segurança dos usuários do Eixo, mas diante da dificuldade de a Metrobus realizar sua parte na parceria, a gente se viu diante do fato de que não tínhamos como realizar o serviço de forma apropriada.”

A parceria entre as entidades fará falta especialmente em um momento em que crescem os crimes dentro dos veículos de transporte coletivo em Goiânia. Somente de janeiro a junho deste ano foram registrados 367 roubos e 3.126 furtos nos ônibus da capital. Os números são maiores que os registrados em 2015 (254 e 2.746) e 2014 (186 e 2.254).

Desacordo

Por meio de nota, a Metrobus se eximiu de qualquer responsabilidade pelo fim do projeto Eixo Mais Seguro. “A Metrobus ressalta que cumpria todo o acordo estabelecido com a Corporação, como manutenção dos veículos, plotagem, abastecimento dos carros, além do fornecimento de aparelhos celulares para as viaturas”, diz o texto.

A empresa também não se esquivou de criticar, de forma não tão sutil, a Prefeitura de Goiânia e a atual condição da GCM. “A Metrobus reforça que tem todo um compromisso operacional para colocar os ônibus em funcionamento todos os dias e portanto, não tem condições de assumir orçamentos inerentes e de responsabilidade de outros órgãos”.

Segundo a empresa, a vigilância nas plataformas e terminais terá continuidade por meio de vigilantes privados que já atuam nesses locais, bem como com pelo serviço de videomonitoramento feito através do Centro Integrado de Inteligência Comando e Controle da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), no Setor Aeroviário, onde há comunicação direta de ocorrências ao longo do Eixo Anhanguera.

Além disso, a Metrobus ressalta que o programa da Polícia Militar, “Terminal Seguro”, também continua. De acordo com o coronel Ricardo Rocha, assessor de comunicação da PM, a corporação mantém cinco viaturas fazendo o patrulhamento dos cinco terminais do Eixo Anhanguera: Novo Mundo, Padre Pelágio, Dergo, Praça A e Praça da Bíblia.

Há esperanças, porém, de que a GCM possa voltar a atuar no Eixo: “Na sexta-feira fomos acionados pela Metrobus para a possibilidade de uma nova negociação, mas, até o presente momento, na tarde desta segunda-feira, [11], ainda não fomos contactados”, relata o subcomandante Passos.