Homem é preso por garimpo ilegal em terra Kalunga, em Cavalcante
Garimpeiros se passam por pescadores e se estabelecem nas áreas, enquanto olheiros vigiam as terras invadidas
Um homem foi preso como suspeito de praticar garimpo ilegal, portar arma de fogo e cultivar drogas em uma fazenda localizada nas margens do Rio do Carmo, em Cavalcante, Goiás. O flagrante ocorreu durante uma operação deflagrada pela Delegacia de Minaçu, na última sexta-feira (25/10).
A operação teve início após investigações apontarem que o suspeito estaria envolvido em garimpo ilegal e plantio de drogas na propriedade. Com base em informações preliminares, agentes constataram a presença de uma máquina de draga escondida no local, indicando atividades de extração de ouro. Assim, os policiais se mobilizaram para desarticular as ações ilícitas.
No local, às margens do Rio do Carmo, a equipe encontrou o suspeito em atividade de garimpagem. Durante as buscas, foram apreendidos 7,23 gramas de ouro embalados, uma balança de precisão, uma foice e uma faca, todos itens relacionados ao garimpo.
A busca continuou até uma residência próxima, onde os policiais localizaram uma espingarda de fabricação caseira calibre 36 e cinco pés de maconha. Os itens foram apreendidos. O suspeito recebeu voz de prisão pelos crimes de garimpagem ilegal, porte de arma e cultivo de entorpecentes.
Kalunga: garimpo ilegal em área quilombola
O Ministério Público Federal (MPF) identificou e mapeou 50 áreas de invasões e dois locais de garimpo ilegal dentro do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Quilombo Kalunga (SHPCQK) que ficam nas cidades de Cavalcante Teresina de Goiás e Monte Alegre. Os locais de invasão foram detectados durante uma ação civil pública iniciada pelo MPF em 2021, que culminou em um mandado de reintegração de posse, o qual foi suspenso antes de sua execução.
Os quilombolas relatam que frequentemente enfrentam intimidações por parte de garimpeiros ilegais que navegam pelos rios em balsas, tentando se instalar na área. Essas embarcações permanecem horas ancoradas no centro dos rios, observando a comunidade e se passando por pescadores.
Aproveitando a distração dos habitantes, os garimpeiros adentram o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Quilombo Kalunga, especialmente na cidade de Cavalcante, onde a frequência de acesso é menor, para realizar a exploração predatória em busca de minérios e ouro.
A maioria das instalações de garimpo é realizada por pessoas que se passam por pescadores e se estabelecem nas áreas, enquanto outras atuam como olheiros, vigiando as terras invadidas. Nesses locais, os esbulhadores não residem, mas mantêm essas pessoas para impedir que os Kalungas recuperem suas terras.
Atividade irregular pode contaminar mananciais que abastecem comunidades
O garimpo no local é proibido devido aos produtos químicos que podem ser lançados nos rios e aos danos ambientais que comprometem o uso da água. As comunidades Kalungas que residem na região não têm acesso a saneamento básico e utilizam a água dos rios para consumo e preparação de alimentos.