Homem que matou cabeleireiro a tiros dentro de casa será julgado nesta quarta (12)
Quase três meses depois de invadir uma casa no Jardim Europa e matar o cabeleireiro Caio…
Quase três meses depois de invadir uma casa no Jardim Europa e matar o cabeleireiro Caio Magno (24), José de Oliveira Pires, 57 anos, será levado nesta quarta-feira (12) a julgamento por latrocínio. A defesa nega a intenção de roubo e tentará desqualificar o crime para homicídio. À delegada, o réu chegou a alegar que foi injustamente agredido pela vítima.
Segundo familiares, durante a madrugada, Caio levantou-se da cama após ouvir um barulho estranho e chegou a avisar a mãe sobre a possibilidade de uma invasão. Com auxílio de uma faca, lutou contra o bandido, mas acabou alvejado e morreu no local.
Durante o inquérito, o então suspeito apresentou três versões para explicar o que teria ocorrido naquele dia. De acordo com a delegada Myrian Vidal, a primeira delas foi de que José teria sido vítima de um assalto no Setor Fama e por isso deu entrada no Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) com um ferimento no braço.
“Lá na unidade, disse a ele que aquilo não procedia. Nós verificamos e, nesse tempo, ele foi reconhecido. Já tínhamos inclusive imagens de câmeras de segurança. Foi quando ele confessou ter matado Caio”.
No entanto, ainda no hospital, o homem não conseguiu explicar o motivo. “Disse ter sido ameaçado pela vítima e que decidiu matá-la antes de ser morto. Mas perguntamos qual seria o motivo da ameaça e ele não quis dizer”.
Enquanto ele se recuperava de uma cirurgia – decorrente da luta contra Caio –, entretanto, a Delegacia de Investigação de Homicídios apurou que vítima e assassino não se conheciam.
“Fizemos uma investigação profunda em toda a vida de Caio e podemos afirmar que os dois não se conheciam”, sublinha Myrian.
Dias depois, ao ser ouvido formalmente na delegacia com seu advogado, José apresentou uma terceira – e curiosa – versão.
“Disse ter saído de casa para viajar e que tinha um problema na bexiga, motivo que o levou a parar pra urinar na rua. Quando retornou, alegou ter dado falta de uma bolsa, a qual continha R$ 700. Como não a encontrava no carro, passou a procurar nas casas e, numa delas, foi agredido injustamente por caio e não teve outra saída senão atirar”, revela a delegada.
Na casa do então suspeito, a policia encontrou duas armas de fogo em situação irregular, uma delas suja de sangue.
Defesa
A última versão apresentada continua sendo a tese defendida pelo advogado de José, Júlio Mascarenhas, que com outra óptica, foi expôs a situação.
“Ele saiu para abastecer o carro porque iria viajar naquela data. Idoso e diabético, parou para urinar em uma caçamba de lixo, próximo à casa de Caio. Quando retornou e arrancou com o carro, percebeu, a uma esquina de onde estava, que uma bolsa estava faltando. Deslocou à pé até onde urinou e viu a vítima fumando um cigarro na garagem e resolveu ir até lá”
O intuito, segundo o defensor, não era roubar ou agredir Caio, mas perguntar se tinha visto alguém suspeito na rua. Júlio, admite, porém, que o homem chegou a suspeitar da vítima.
“O portão estava aberto e na entrada foi recebido pelo Caio, armado com uma faca. Entraram em luta corporal e, como José trazia consigo uma arma, ele acabou desferindo seis tiros, acertando quatro”.
Questionado sobre a fragilidade da argumentação, Júlio reconhece que o cliente “entrou de forma brusca no imóvel”.
“Apesar de simples, é o que, de fato, ocorreu. Não há latrocínio. Ele não levou nada de lá. Na casa só tinha uma moto, a qual ele nem podia levar, pois estava de carro”. O advogado acredita que o crime de latrocínio será desqualificado para o de homicídio.
Sobre as versões, Júlio entende que as duas anteriores devem ser desconsideradas. “Ele estava ferido, internado e sob efeito de forte medicação”.
Família
De acordo com a prima de Caio, a advogada Isabela Ribeiro, a família – ainda indignada e abalada – está na expectativa de que ocorra condenação. “Ele confessou, a materialidade do crime foi comprovada e temos diversos elementos contra ele. Estamos confiantes”.
Ela ainda revela que o homem está preso desde o dia do crime e que recursos interpostos pela defesa não surtiram efeito. “Continua preso e teve negado todos os pedidos de liberdade provisória e medidas cautelares. Isso já nos dá um conforto, principalmente para minha tia, mãe do Caio”.
O caso será julgado na 8ª Vara de Crimes Punidos com Reclusão, no Fórum Criminal Desembargador Fenelon Teodoro Reis, pelo juiz Ricardo Prata, a partir das 14h.
Relembre o caso
Segundo Isabela, o caso ocorreu por volta das 3h30 e a avó de caio também estava no local. “Minha tia disse que ele ouviu um barulho no portão, avisou que tinha alguém na casa e saiu para ver o que era. Em seguida ela ouviu os disparos e correu em direção meu primo. Foi muito rápido, mas ela chegou na área a tempo de ver o criminoso, um homem de baixa estatura, vestido com uma camisa azul clara, com cabelos brancos que fugiu na sequência. Ela chegou a chamar a avó dele, mas não deu tempo de chamar socorro”.
De acordo com a prima, o homem estava em um veículo Gol geração 2, vulgarmente conhecido como “Bola”, de cor branca. “Ele correu para o carro, mas como estava ferido, deixou marcas e uma poça de sangue na esquina, onde o veículo ficou estacionado. Chamamos a polícia e a perícia que afirmaram que, de alguma forma, durante a luta, meu primo conseguiu tomar a arma e desferir um tiro contra o bandido”.