Homem que matou pastora dentro de igreja em Goiânia responderá por três crimes
Laudo psiquiátrico deverá revelar se o crime foi cometido em um contexto de consumo de drogas ou de surto psicótico
O homem de 22 anos que invadiu uma igreja nu e matou a pastora Odete Rosalina Machado da Costa no dia 14 de janeiro, em Goiânia, foi indiciado pela Polícia Civil. Ele deverá responder por homicídio doloso qualificado, lesão corporal (por agredir policiais militares no momento da prisão) e por desacato (por resistir a uma ordem da autoridade policial).
A informação é do delegado responsável pelo caso, André Veloso. Segundo o delegado, a Justiça deve ordenar a realização de um laudo psiquiátrico para saber se o crime foi cometido em um contexto de consumo de drogas, de surto psicótico ou os dois.
Durante as investigações a Polícia Civil chegou à conclusão de que o delito não possui motivação. André afirma que a escolha da vítima foi completamente aleatória. Agora, caberá a Justiça entender se apenas o surto foi capaz de levá-lo a cometer o homicídio.
Para executar o crime, o homem usou uma barra de ferro e agrediu a pastora até a morte. A vítima tinha 79 anos.
“Ele não conhecia a vítima, foi aleatório. Não tem um motivo para ele ter matado ela, mas sim uma causa e essa causa foi o surto. Antes de chegar na igreja ele já estava agressivo, havia tentado matar a esposa e a enteada, chutado portões, atirado pedra em ônibus, além de estar nu”, explica o delegado.
O rapaz ficou em silêncio durante o depoimento à Polícia Civil, na última sexta-feira (21). A polícia, portanto, contou principalmente com o depoimento de testemunhas para chegar à conclusão do inquérito – entre eles o da esposa do jovem.
Laudo deve revelar se apenas o surto psicótico foi o suficiente para jovem matar pastora
Como o inquérito policial precisava ser entregue em até 10 dias à Justiça se o sujeito estiver preso, caberá ao Poder Judiciário realizar um laudo psiquiátrico de sanidade mental do jovem.
“É importante a gente dizer que, para fins de responsabilização penal, não basta a pessoa ter uma doença. Essa doença precisa retirar toda a capacidade de dissernimento. Neste caso, precisamos saber se apenas uma doença foi capaz disso ou se foi o uso de drogas deliberado do rapaz que causou o surto. Mesmo se ele tiver a doença, ele pode sim responder pelo crime”, detalhou o delegado.
Suspeito já teve outros surtos e chegou a ser internado
A família do suspeito contou à polícia que dois meses antes do surto que o levou a matar a pastora Odete Rosalina, o jovem já havia tido outra crise. Neste episódio, no entanto, o rapaz não agrediu ninguém. Ele apenas retirou a própria roupa, ficando apenas de cueca e andou cerca de 15 quilômetros pelas ruas da capital.
Segundo a família, depois disso o jovem chegou a ficar internado por um mês em uma clínica. Mas semanas depois que saiu da internação ele teve o novo surto, ocasião em que matou a pastora.
Relembre o crime
O crime aconteceu na igreja Assembleia de Deus, no Residencial Kátia, no dia 14 de janeiro. Testemunhas afirmam que o rapaz invadiu o templo nu e começou uma briga com um homem sem nenhum motivo. Em seguida, ele agrediu a líder religiosa com uma barra de ferro e fugiu.
Antes de atacar pastora, o jovem havia tentado matar a própria esposa e a enteada. “Ele acordou por volta das 2h30, surtado. Tentou matar a esposa e a filha da esposa, que é de um relacionamento anterior. Possivelmente ele fez um uso prolongado de drogas durante a noite. Ele procurava por facas, mas o tio da esposa as salvou, pois conseguiu tirar o autor do lote”, disse o delegado.
A pastora assassinada é mãe do cantor gospel Delino Marçal, ganhador do Grammy Latino Melhor Álbum de Música Cristã em Língua Portuguesa de 2019. “Quando eu compartilhava uma coisa ruim, ela tinha sempre um pensamento positivo. Tinha uma palavra amiga e um ombro amigo para a gente chorar”, lamentou o cantor durante o velório da mãe.