Homem que matou sogro dentro de farmácia tem audiência adiada por falta de laudo de insanidade
Magistrado disse que não via indícios de que a sanidade mental de Felipe estava comprometida, mas quer que teste seja feito para assegurar ampla defesa do acusado
O juiz Antônio Fernandes de Oliveira suspendeu a audiência de instrução do ex-servidor público Felipe Gabriel Jardim, de 26 anos, para aguardar um laudo de insanidade mental do réu. O jovem é matou o sogro com um tiro na cabeça em uma farmácia de Goiânia. Um vídeo registrou quando o policial civil aposentado João Rosário Leão, de 63 anos, foi assassinado no dia 27 de junho deste ano.
A audiência começou por volta de 13h30. A previsão era de que oito testemunhas do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e nove da defesa fossem ouvidas. No entanto, de acordo com o promotor Maurício Gonçalves de Camargos, 13 pessoas depuseram, sete delas contraídas pelo MP e seis pela defesa – as demais foram dispensadas.
O juiz determinou que, com urgência, a Junta Médica Oficial do Poder Judiciário realize o exame de insanidade mental do réu. Após o resultado da perícia, ele será interrogado e, juntamente com as alegações finais do Ministério Público e da defesa, a Justiça vai determinar se Felipe Gabriel passará ou não por júri popular.
Não há indícios de insanidade
Em outubro, o magistrado disse que não via indícios de que a sanidade mental de Felipe estava comprometida no dia do crime. Até porque, o jovem passou por exames psicológicos para tirar porte de arma e, também, ao ser nomeado com cargo na prefeitura. Mas para assegurar a ampla defesa do acusado, atendeu ao pedido da defesa para que o exame de insanidade mental fosse realizado.
Vale mencionar que o pedido de exame de insanidade mental é, segundo especialistas, uma tentativa válida e que toda pessoa tem direito. No entanto, ele não significa que, automaticamente, o investigado é inocente por não ter consciência de seus atos. Na realidade, o resultado do exame poderá, inclusive, mostrar que aquela pessoa investigada sabia exatamente o que estava fazendo quando cometeu o crime.
Relembre caso de homem que matou sogro
Felipe teve um relacionamento sério com Kênnia Yanka por cerca de 1 ano. A mulher é filha de João do Rosário, que foi assassinado no dia 27 de junho. O relacionamento foi marcado por abusos psicológicos e ameaças da parte de Felipe.
Dois dias antes do homicídio (25/06), Felipe teve uma discussão violenta com Kênnia e a família dela. Eles haviam chegado em na casa da vítima depois de terem passado por duas festas juninas, ocasião em que o atirador queria ir embora. Namorada e o sogro pediram que o casal dormisse lá porque Felipe estava bêbado. Irritado, ele apontou uma arma para o sogro e para Kênnia e, depois, atirou para cima. Depois disso os dois terminaram o namoro.
Na manhã seguinte (26/06), João do Rosário foi até a delegacia e denunciou o Felipe por disparar a arma para o alto e também por ameaça. Kênnia afirma que o pai tinha um plano de se preparar para qualquer represália de Felipe, quando a denúncia chegasse ao conhecimento dele dias depois. João do Rosário era um policial civil aposentado e conhecia o processo das denúncias. Porém, não houve tempo para que a vítima se protegesse, pois o rapaz descobriu sobre a denúncia antes do previsto.
O delegado do caso, Rhaniel Almeida, afirma que Felipe tem um amigo que é soldado do 42º Batalhão da PM. Este homem lhe fornecia acesso contínuo ao sistema de boletins de ocorrência das polícias goianas. Na segunda-feira (27), o soldado da PM contou à Felipe da denúncia do ex-sogro. Pouco antes de cometer o crime, o jovem ligou para Kênnia e avisou que mataria o pai dela por isso.
Câmeras de segurança da farmácia registraram o momento do crime. Felipe entra, surpreende o ex-sogro enquanto aponta uma arma. Ele atira na cabeça do idoso. Depois, salta sobre o balcão e atira novamente. Em seguida, foge. João do Rosário foi atingido no peito e na cabeça.
Felipe Gabriel foi localizado e preso três dias depois do crime, quando foi achado na casa de parentes.