pastor já morreu

Igreja em Goiânia é condenada por expor fiel que denunciou crimes sexuais cometidos por pastor

Tabernáculo da Fé foi condenada a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais

O pastor evangélico Joaquim Gonçalves Silva, da Igreja Tabernáculo da Fé, morreu em decorrência das complicações da Covid-19, em Goiânia (Foto: reprodução)

A Igreja Tabernáculo da Fé, em Goiânia, foi condenada a pagar R$ 10 mil por danos morais após expor publicamente um fiel que testemunhou contra o pastor Joaquim Gonçalves Silva em um caso de crimes sexuais, investigado em 2021. O pastor faleceu em agosto do mesmo ano, vítima da Covid-19.

De acordo com a decisão do juiz Lionardo José de Oliveira, divulgada em 6 de setembro, houve abuso de direito na exposição do fiel durante um culto transmitido ao vivo pela internet. O juiz ressaltou que a liberdade de expressão, garantida pela Constituição Federal, não é um direito absoluto e deve ser exercida com responsabilidade e bom senso.

Além da Igreja, dois advogados, Leandro Silva e Ozemar Nazareno, e o pastor Clayton da Silva também foram responsabilizados. A defesa dos condenados afirmou que recorrerá da decisão.

O culto ocorreu em 11 de julho de 2021 e, durante a transmissão, advogados afirmaram que o fiel fazia parte de uma conspiração para difamar o pastor Joaquim, citando seu nome completo e veiculando trechos de áudio manipulados para sugerir que ele teria coagido pessoas a depor contra o líder religioso.

Relembre o caso

Quatro casos de abusos por parte de Joaquim foram registrados na Polícia Civil até 2021. Em um dos casos, uma menor que tinha 17 anos relatou que, em de janeiro de 2021, o pastor chegou a beijá-la quando ela esteve em seu escritório pedindo ajuda sobre o seu casamento.

“Fui pedir conselhos depois de ter problemas no meu relacionamento. Foi quando ele colocou a mão no meu corpo e me deu um beijo. Passou a mão pelos meus seios e desceu até embaixo, quando eu o interrompi. Eu fiquei em choque, nunca na vida eu esperei isso dele”, contou.

Além da adolescente, outros três casos foram registrados entre os meses de janeiro e abril deste ano na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). As vítimas teriam sido abusadas pelo pastor nos anos de 2002, 2015 e 2018.

O caso mais antigo foi registrado por uma mulher de 46 anos. Ela contou aos policiais que foi assediada e abusada pelo pastor por quatro anos, mas que teve medo de denunciar por que tinha medo de que ela ou a família fossem prejudicadas.

“No começo, ele dizia que, se eu contasse para alguém, iria me tirar da igreja, do trabalho. Depois, quando contei para minha família, ele mandou um aviso, pelo meu irmão, que alguém iria machucar eu, meu marido e meu filho, caso eu o denunciasse”, disse.

Outra vítima disse que foi pedir ajuda a Joaquim em 2015 porque passava por problemas no relacionamento e porque o irmão dela havia morrido. “Fui no escritório dele, estávamos só nós dois e, depois da conversa, ele me deu um abraço, me apertou muito, começou a beijar meu rosto e veio para beijar minha boca, quando eu virei”, contou.

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