“Imundo e abandonado”: associação denuncia poluição no Lago das Rosas; prefeitura nega
Associação de Moradores e Frequentadores do Lago das Rosas diz que local está cheio de lixo
Um dos principais parques de Goiânia, inaugurado ainda na década de 40, o Lago das Rosas está abandonado, de acordo com a Associação de Moradores e Frequentadores do local. “Estamos enfrentando muitas dificuldades aqui. Questão da poluição, do meio ambiente, da insuficiência de árvores replantadas e agora essa sujeira no Lago. São algas, lixo mesmo”, denuncia ao Mais Goiás a presidente da entidade, a médica Maria Helena.
Os relatos vão desde a contaminação do lago até o corte das árvores. De acordo com os moradores, a Prefeitura não tem feito replantio na mesma proporção. O resultado é um parque cada vez mais quente e poluído com ares de abandono. “Infelizmente estamos vivendo um período difícil para o Parque. A gente vê proliferação de algas, sujeiras. Fora o lixo que as pessoas jogam dentro”, salientou.
“A gente fica triste com todo esse contexto. É o primeiro lago de Goiânia. Por ser do lado do Zoológico e do Eixo Anhanguera, é um dos mais frequentados da capital. A população frequenta muito mesmo e estamos vendo ele se deteriorar a cada ano”, destaca Maria. “Deveria ser o nosso cartão postal”, lamenta.
Ao portal, a Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia (AMMA) garante que faz monitoramento de limpeza do local e que tudo está dentro das conformidades. Reitera, inclusive, que fará uma limpeza do lago “nos próximos dias” e que por conta do período de estiagem chuvosa, o volume de água na região fica mais baixa.
Moradora vizinha ao Parque há 14 anos, Maria Helena destaca que um ex-diretor do Zoológico afirmou haver a necessidade de uma obra para dar o devido fim aos dejetos e sujeiras das jaulas que desciam ao lago após as limpezas.
“A gente notava que escoava uma água suja caindo no Lago e ficamos sabendo que quando se lava as jaulas dos animais de grande porte do Zoológica, essa água acaba caindo no Lago. O antigo diretor do Zoológico disse que precisava fazer uma obra para dar o devido escoamento. Existia um estudo para isso, mas nada foi feito e essa água continua sendo jogada no lago”, disse.
À reportagem, a Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), que faz a gestão do Zoológico, afirma que a limpeza das jaulas não interfere no lago e que não há risco de poluição. “Essa água não é de esgoto e não é contaminada, e a limpeza ocorre para que os animais usufruam de um espaço limpo e saudável”, destacou por meio de nota.
Apesar de a Amma dizer que não há contaminação do lago, Maria contesta. “Nos foi passado que a análise deu ok, mas ficamos sabendo que a captação da água foi feita fora do lago. A alegação foi de que o local onde foi feita a coleta era comunicante com o lago. Se aquele lugar não tinha problema, no lago também não tinha. Essa foi a principal justificativa”, salienta.
Um dos motivos pelos quais há dúvida é justamente a falta de transparência em torno do exame. “Não nos enviaram um exame bacteriológico da água. Foi feito só uma análise de partículas. Queremos ver se tem bactérias patogênicas entre outras coisas. Também queríamos acompanhar a forma como o exame foi feito. Ninguém da associação acompanhou”, salientou.
Para completar, Maria alega que ao longo dos últimos tempos muitas árvores foram retiradas. “A substituição foi muito deficiente em uma época de muita seca. As que foram colocadas no lugar acabaram morrendo. O parque está se deteriorando a cada ano e o lago está ficando seco”, alerta.
Com a palavra, a Agência Municipal de Meio Ambiente
A Amma disse que monitora as águas de todos os lagos da capital, e recentemente, realizou relatório que aponta que não há nenhum lançamento de esgoto nos lagos presentes no Parque Lago das Rosas.
A Amma afirmou ainda que há baixa de água nos lagos do Parque Lago das Rosas por conta do período de estiagem, o que é normal para a época. A Amma pontuou também que fará a limpeza do lago no próximos dias, como é feito em todos os 23 lagos da capital, neste período.
O órgão disse que a formação de macrófitas é normal pela quantidade de matéria orgânica que cai no lago, inclusive das próprias árvores, e por conta da baixa do lago e a aproximação com o solo, as macrófitas se reproduzem mais rápido neste período.
“A Amma também realizou o plantio de 110 árvores em áreas do parque e a reconstrução da pista de caminhada com substituição dos pavers no Parque. Porém, não é possível plantar mudas em áreas de lazer. Esses plantios, aconteceram também em torno da nascente do lago que foi, inclusive, cercada para sua proteção. A retirada de árvores no Parque somente é realizada quando há necessidade, considerando o ciclo de vida das espécies, condições fitossanitárias e principalmente os riscos de queda, com autorização técnica”, diz a nota.
Por fim, a Agência pontuou que não procede a informação de descarte de esgoto e água suja do Zoológico no Lago das Rosas. “A supervisão da unidade também desconhece a retirada de árvores no local, somente de galhos que caíram com as chuvas. Existe processo junto à Amma para a extirpação de quatro árvores e, após concluído, ocorrerá o replantio para compensação. Por fim, esclarece que durante o momento de lavagem e troca de água dos tanques de grandes carnívoros, parte da água pode extravasar para o lago. Essa água não é de esgoto e não é contaminada, e a limpeza ocorre para que os animais usufruam de um espaço limpo e saudável.”