Goiás contra o Aedes

Infestação de mosquito da dengue coloca Goiás em estado de alerta

Segundo a pasta, a antecipação do período chuvoso e a falta de cuidados da população são os principais fatores de focos do aedes aegypti no estado

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulgou, na manhã desta quarta-feira (27) na Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), os dados mais recentes do Levantamento de Índice Amostral (LIA) e do Levantamento de Índice Rápido para Aedes Aegypti (LIRAa). Segundo coordenador geral do combate ao Aedes da SES-GO, Marcelo Rosa, o índice de infestação predial, responsável por mensurar quantos imóveis possuem criadouro do mosquito, subiu de 0,22% para 1,10%.

O resultado representa um aumento de 400%, causando preocupação nas autoridades da pasta. Até outubro, foram confirmados 52 mil casos de dengue em todo o estado.

“Essa porcentagem de 1,10%  já coloca Goiás em estado de alerta. Três municípios foram classificados em situações de alto risco e outros sete como médio risco. Quando comparamos os anos de 2017 e 2018 com 2015 e 2016 percebemos que houveram incidências menores. Isso fez com que a população tivesse a sensação de segurança em relação ao vírus e isso acabou acomodando uma parcela da população, que deixou de tomar os devidos cuidados com o acúmulo de água”, explica.

Segundo o coordenador, por mês, cerca de 6 mil imóveis são identificados com foco do mosquito. Após a identificação, o agente de saúde realiza a eliminação do criadouro para evitar a proliferação do mosquito responsável por transmitir o vírus da dengue, zika e chikungunya. O boletim epidemiológico de classificação de risco realizado pela SES-GO mostra que 10 municípios goianos encontram-se em situações de médio e alto risco de dengue.

O município de Bom Jardim de Goiás está em primeiro lugar da classificação de alto risco, seguido por Porteirão e  Crixás. Já os municípios de Aragoiânia, Santa Terezinha de Goias, Doverlândia, Vila Propício, Abadia de Goias, Edealina e Santo Antônio da Barra, foram classificados em situações de médio risco.

(Foto: Divulgação / SES-GO)
(Tabela: Divulgação / SES-GO)

“Este ano infelizmente tivemos 62 óbitos confirmados pelo vírus da dengue e outros 30 estão em investigação. Ano passado tivemos mais de 42 mil casos de notificações de dengue em Goiás e este ano tivemos mais de 55 mil. Um aumento de cerca de 23%”, declara.

De acordo com informações da pasta, o chamado sorotipo 2 do vírus da dengue foi o vírus mais encontrado entre as pessoas acometidas. Este tipo é conhecido por ser o mais agressivo e mais difícil de ser tratado.

Combate ao mosquito

“Nós estamos desenvolvendo um trabalho de conscientização da população para conseguirmos combater o vírus no estado. Estamos reforçando a força tarefa ‘Goiás Contra o Aedes’ que já fazemos e somos destaque. Nós fazemos a mobilização mensal de cobertura aos domicílios”, explica.

Segundo o Marcelo, a maior incidência ocorre nas residências das regiões urbanas e os criadouros predominantes são o lixo acumulado e reservatórios de água, como balde ou caixa d’água. As equipes de agentes de saúde realizam o manejo ambiental dos municípios indo de casa em casa para verificar possíveis criadouros do mosquito, realizar a prevenção e conscientização dos moradores sobre os cuidados a serem tomados com o acúmulo de água.

Segundo dados da SES-GO, no ano passado, foram confirmados 4.998 casos de zika no estado, já em 2018 foram 1.884. Um decréscimo de 62,30%. Os municípios de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Trindade possuem o maior número de notificações com 558, 232 e 164 casos respectivamente.

“Não houve uma circulação intensa do zika vírus e da chikungunya no estado de Goiás este ano, mas que se não tomarmos os devidos cuidados, podemos começar 2019 com uma grande infestação dos vírus transmitidos pelo aedes”, explica o coordenador.

Dicas de prevenção

Segundo o coordenador, a melhor maneira de combater  o mosquito é a prevenção. A maior quantidade de casos encontrados foi em domicílios utilizados como residência, por isso é muito importante que as pessoas entendam seus papeis na missão de contribuir com os cuidados e também de envolver a comunidade no combate ao transmissor.

De acordo com Marcelo, descartar o lixo da maneira correta em uma lixeira ao abrigo da chuva; manter sempre as calhas e as lajes limpas e secas; colocar areia nos pratinhos das plantas e sempre trocar a água do animal doméstico, são alguns dos cuidados básicos para evitar o mosquito.

*Thaynara da Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo