Inquérito do caso de jovem morto por policiais militares deve ser concluído na próxima semana

O inquérito do caso do assassinato de Wallacy Maciel, de 24 anos, deve ser concluído até quinta-feira da próxima semana (9). O prazo foi estimado pelo delegado responsável pelo caso, Ernane Cazer, da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH).

De acordo com o delegado, alguns procedimentos ainda precisam ser realizados. “Vamos analisar alguns depoimentos e confrontar com as imagens que obtivemos”, disse.

Ernane esclarece que dois policiais militares são suspeitos no caso. No entanto, ainda não está claro se agiram em coparticipação ou se um deles efetuou os disparos sem a anuência do outro.

Na Polícia Militar, o inquérito da corregedoria apontou que houve exagero por parte dos agentes envolvidos. Os autos sobre o caso foram encaminhados à Justiça Militar.

Dois tiros

Wallacy foi morto em 9 de setembro em uma ação da Polícia Militar após ser confundido com um suspeito de furtar uma casa no Setor Eli Forte, na região sudoeste de Goiânia.

Segundo o Boletim de Ocorrência registrado pela PM, os policiais foram acionados pelo morador da residência que descreveu o veículo em que o suspeito se encontrava, um Prisma prata. Quando já estavam terminando o atendimento ao dono da casa, os policiais avistaram, em uma rua nas proximidades da ocorrência, um carro com características semelhantes às descritas pelo morador. Ao ver os policiais, o motorista teria saído em alta velocidade.

Então, segundo informações da PM, teve início uma perseguição envolvendo várias viaturas. Depois de 30 minutos, uma equipe fez o cerco do Prisma, dirigido pelo jovem de 24 anos, no setor Residencial Canadá, na região sudoeste da Capital.

Durante a abordagem, de acordo com PM, um dos policiais determinou que o suspeito descesse do veículo. Ao fazer menção de tirar algo da cintura, ainda de acordo com a PM, o agente temeu a ação do suspeito e efetuou dois disparos em sua direção. O rapaz foi atingido no peito. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Essa versão é contestada por familiares e amigos da vítima. De acordo com eles, o rapaz estava com o carro estacionado nas proximidades de sua casa e estava com a sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida.

Segundo relato de um amigo próximo da vítima ao Mais Goiás, uma vizinha teria acionado a PM dizendo que um bandido estava rondando as residências e passou informações da placa do carro para eles. Ao chegarem próximo ao local, os militares avistaram o carro e iniciaram a perseguição. “Ele fugiu da PM porque estava com a CNH vencida. Ele não tinha cometido nenhum crime”, disse um amigo da vítima, que não quis se identificar.

Ao chegarem no Residencial Canadá, o veículo do rapaz foi fechado por uma das viaturas. De acordo com uma testemunha, o rapaz saiu do carro com as mãos para cima sem reagir, quando o policial atirou.

Os policiais registraram em Boletim de Ocorrência que foram apreendidos um revólver calibre 38, que estaria na cintura Wallacy, com três munições. Em revista ao veículo, teria sido encontrado também um tablete de maconha (aproximadamente 500 gramas) e seis porções pequenas da mesma droga, além de duas porções de cocaína e três munições calibre 45. A polícia investiga se os itens foram plantados pelos policiais. Wallacy não tinha passagem pela polícia.

“Ele não estava armado. E nem tão pouco usava drogas ou coisa parecida”, disse o amigo do rapaz. “O que queremos é Justiça. Tiraram a vida de um rapaz bom e trabalhador que jamais teve passagem pela polícia ou se envolveu com coisa errada”, disse.