INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Intolerância sofrida por religiões de matrizes africanas é tema do Mais Goiás.doc

A intolerância religiosa poder ser caracterizada pela discriminação contra pessoas ou grupos de uma religião…

A intolerância religiosa poder ser caracterizada pela discriminação contra pessoas ou grupos de uma religião ou crenças por meio de atitudes ofensivas e agressivas. No Brasil, é considerada crime de ódio, com pena de reclusão que varia de um mês a cinco anos. Apesar de a lei abranger todas as crenças, as religiões de matrizes africanas (Umbanda e Candomblé) são as que mais sofrem esse tipo de preconceito. Este é o tema do Mais Goiás.doc desta semana.

21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data foi instituída em razão da morte da Ialorixá baiana Gildásia dos Santos e Santos, também conhecida como Mãe Gil. Em 2000, a candomblecista teve a imagem vinculada a uma matéria sobre charlatanismo religioso no jornal Folha Universal.

Após a veiculação do material, a religiosa teve o terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, que ficava em Salvador (BA), invadido por um grupo de outra religião. Ela foi agredida verbalmente e fisicamente. Com o passar dos tempos, perdeu muitos fiéis e, após o episódio, Gildásia teve um infarto fulminante e morreu.

Quase sete anos depois do ataque, foi instituída e lei nº 11.635, de dezembro de 2007, que declarou o dia 21 de janeiro, data da morte da Ialorixá, como sendo o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

O advogado Giovanny Bueno explica que a intolerância religiosa pode ser enquadrada como crime contra o sentimento religioso, com pena de um mês a um ano ou multa a qualquer pessoa que, publicamente, por motivo de crença ou função religiosa, impeça ou perturbe cerimônias ou prática de culto religioso, e despreza publicamente ato ou objeto de culto religioso alheio.

A prática também pode ser enquadrada na Lei de Preconceito ou Racismo, que diz que é crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência no nacional, com pena de um a três anos de prisão e multa.

Intolerância a religiões de matrizes africanas é diária, diz historiadora

Janira Sodré é historiadora e acredita que, apesar das leis, as crenças como Umbanda e Candomblé ainda sofrem preconceitos diários. Para ela, um ataque à comunidade religiosa de matriz africana não é visto com a mesma gravidade de um ataque a uma igreja cristã, por exemplo.

O pai de santo da Umbanda, Dygão Soares, diz que ainda hoje os umbandistas não costumam usar as vestes da religião em público. Ele relembrou um episódio em que precisou ir a um estabelecimento para comprar bebidas a dar início ao culto religioso. Já com as vestes brancas, entrou no local e ouviu clientes comentando uns com os outros que “macumbeiros” haviam chegado.

“Eu não preciso concordar contigo. Eu não preciso concordar com ninguém. Eu preciso respeitar”, diz Dygão.

Intolerância sofrida por religiões de matrizes africanas é tema do Mais Goiás.doc (Foto: Artur Dias | Arte: Niame Loiola)

Já o Babalorisá Mário De Iroko relatou que uma filha de santo sofreu preconceito logo após ser iniciada na religião. Ela chegou na escola com suas indumentárias religiosas, e a professora colocou a mãe sob a cabeça dela e começou a orar contra a “religião demoníaca”, como disse ela.

O delegado do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), Joaquim Adorno, ressalta que o preconceito não deve passar em branco ou ser esquecido. “Denunciar é o primeiro passo para nós mudarmos a realidade”.

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Intolerância sofrida por religiões de matrizes africanas é tema do Mais Goiás.doc (Foto: Artur Dias | Arte: Niame Loiola)

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