Investigação contra tráfico internacional de drogas levou à apreensão de submarino no Suriname, diz PF
As investigações da Operação Flak, que foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (21), levaram à…
As investigações da Operação Flak, que foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (21), levaram à apreensão de um submarino capaz de transportar 8 toneladas de drogas, em fevereiro do ano passado, no Suriname. De acordo com a PF, a suspeita é de que ele seria utilizado para levar droga à costa da África. A operação tem o intuito de desarticular uma organização criminosa que transportava drogas da Colômbia, Bolívia e Venezuela para o Brasil, Estados Unidos e países da Europa.
Segundo a PF, até o momento, foram cumpridos 28 mandados de prisão – sendo 14 deles em Goiás – e 88 de busca e apreensão. Destes, 36 em território goiano. Além de Goiás, os mandados foram cumpridos no Tocantins, Paraná, Pará, Roraima, São Paulo, Ceará e no Distrito Federal. Todos eles foram expedidos pela 4º Vara Federal de Palmas (TO).
Um dos presos apontados como líder da organização criminosa é João Soares Rocha, que foi detido em Tucumã, no Pará. De acordo com a GloboNews, ele foi encaminhado para o Tocantins e prestava depoimento na sede da Superintendência da Polícia Federal no Estado. Posteriormente, será encaminhado para a Casa de Prisão Provisória de Palmas. O Mais Goiás não conseguiu contato com a defesa do citado.
Ele é tio de Cristiano Felipe Rocha Reis, de 31 anos, que morreu em acidente aéreo ocorrido em julho do ano passado. De acordo com a corporação, Cristiano também estaria envolvido no esquema criminoso que, em dois anos, movimentou mais de R$ 13 milhões. Outro envolvido na organização criminosa, segundo a PF, era o pai de Cristiano, Evandro Geraldo Rocha Reis, de 73 anos. O idoso também morreu na queda de avião no qual o filho estava.
As investigações apontam que o esquema teria ligações com os traficantes Fernandinho Beira-Mar e com Leonardo Dias Mendonça. Este último estava preso em Aparecida de Goiânia desde o ano passado, mas foi beneficiado com a progressão de pena para o regime semiaberto.
ESQUEMA e Apreensões
De acordo com o delegado a frente das investigações, Marcelo Correia Botelho, as investigações tiveram início há dois anos. Neste período, o grupo teria transportado nove toneladas de drogas em, pelo menos, 23 viagens aéreas.
O grupo contava com quatro núcleos de serviços dentro da sua organização. O primeiro era o logístico, que cuidava da contratação de pilotos, as escolhas da aeronaves e abertura de pistas clandestinas para pousos e decolagens de aviões.
O segundo, de acordo com Marcelo, era o aeronáutico, que ficava responsável pela elaboração planos de voos irregulares e identificação de rotas para fugir do controle aéreo. O terceiro núcleo era responsável pelas manutenções das aeronaves. “Um dos trabalhos realizados era a adaptação do sistema de abastecimento das aeronaves para proporcionar uma maior duração de voos, ou seja, ela voava mais do que originalmente foi feita. Isso colocava as vidas dos pilotos em riscos. Alguns acidentes quer foram registrados no Brasil e no exterior teriam sido resultados dessa prática da organização criminosa”, explica.
O quarto núcleo era voltado na comunicação dos países produtores (Bolívia, Colômbia e Venezuela), com os países intermediários (Suriname, Guiana Francesa e Guatemala) e com os países destinatários (Brasil, Estados Unidos e União Européia). A operação culminou na apreensão de 47 aeronaves, sequestro de 13 fazendas com mais de 10 mil cabeças de gado, armas de fogos e bloqueio de contas de mais de 100 pessoas físicas e jurídicas.
Marcelo Correia destaca que Tocantins se tornava ponto de apoio para a organização criminosa. Já Goiás é uma das principais rotas para o tráfico, pelo fato de um dos líderes morar no estado. “O grupo, para desviar toda atenção, lavava o dinheiro do tráfico alternando os serviços com viagens de produtos lícitos, como transporte agropecuário. O dinheiro também era lavado em postos de combustíveis, imóveis, criação de gado para engorda, garimpo e na venda das próprias aeronaves”, ressalta.
Os investigados devem responder, na medida de suas participações, por tráfico transnacional de drogas, associação para o tráfico, financiamento ao tráfico, organização criminosa, lavagem de dinheiro e atentado contra a segurança do transporte aéreo.