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A escassez de água no Estado de São Paulo acende um alerta vermelho sobre a importância do uso consciente deste recurso natural pela população, nos esforços de evitar desperdícios, e também promove reflexão sobre os investimentos públicos necessários que devem ser feitos para impedir, a longo prazo, o desabastecimento.
De acordo com o superintendente de Comunicação e Marketing da Saneago, Luiz Novo, o Estado de Goiás está em uma situação considerada, no momento, tranquila.
O nível dos mananciais e reservatórios no interior do Estado está regular e não há pontos críticos. Ainda assim, o Governo de Goiás executa uma série de obras estruturantes, como a construção de barragens e poços artesianos, em municípios em várias regiões, para ampliar a produção de água prevendo o aumento da demanda populacional e, consequentemente, do consumo.
“Nós estamos com os nossos mananciais ainda nos permitindo captar o volume necessário para a produção. Nós estamos preparando um diagnóstico nos 225 municípios onde a Saneago atua para que tenhamos uma visão de longo prazo das ações que são necessárias para a manutenção dessa atual situação”, afirma.
O diagnóstico deverá ser concluído na próxima semana. “Definitivamente, estamos com problema com São Pedro. Tem chovido muito menos do que era previsto para esta época do ano. O que nos dá essa situação relativamente confortável são os investimentos que foram realizados nos últimos 16 anos pelo governo e pela Saneago. A Região Metropolitana é um exemplo disso. Os investimentos realizados para a construção da Barragem do Ribeirão João Leite nos dão condições mais estáveis”, pondera.
Uma das maiores intervenções de saneamento do Brasil é o Sistema Produtor de Água Mauro Borges, que vai dobrar a produção e garantir o abastecimento de uma população de até 3 milhões de pessoas na Região Metropolitana até 2040. O sistema foi concebido para produzir 21,6 milhões de litros de água por hora e conta com um projeto inédito no Brasil, que é a transformação da energia hidráulica em energia mecânica para mover as bombas que levarão água bruta da captação à Estação de Tratamento.
Além da economia de R$ 1 milhão mensais em energia elétrica, Goiânia será uma das poucas cidades brasileiras que terá garantido o abastecimento de água mesmo em caso de apagão prolongado. O complexo será inaugurado em 2015 e além da capital irá atender Trindade, Goianira e Aparecida de Goiânia. Mesmo não estando ainda em pleno funcionamento, a Barragem do João Leite garante a vazão deste Ribeirão, responsável por metade do abastecimento em Goiânia. Assim, com planejamento, a Saneago evitou que a população goianiense sofresse com a falta de água que hoje assola diversas cidades brasileiras.
Anápolis
Dados da Saneago mostram que Anápolis é abastecida pelos sistemas Piancó (96.743 ligações) e Daia (20.133 ligações), e conta ainda com sistemas independentes para atender os subdistritos: Arco Verde (número de ligações incluídas no sistema Piancó), Interlândia (238 ligações), Joanápolis (169 ligações), Santos Dumont (434 ligações), Goialândia (341 ligações) e Branápolis (201 ligações). Cerca de 98% da população de Anápolis é atendida pelo Sistema de Abastecimento por água tratada operado pela Saneago, sendo que 80% é fornecido pelo Sistema Piancó, 16%pelo Daia e 4% por Sistemas Independentes de Poços. O sistema Piancó produz 880 l/s e o sistema Daia 140 l/s, em média.
Neste momento, de acordo com a Saneago, os níveis dos reservatórios de Anápolis encontram-se dentro da normalidade e não há riscos de desabastecimento para um futuro próximo. Apesar da possibilidade de ocorrências pontuais, que são prontamente sanadas pela equipe de manutenção da Saneago, não existe registro de problema generalizado. Nos últimos meses de 2014, a cidade passou por obras de ampliação do Sistema de Abastecimento de Água. Iniciado em 2011, o projeto previa duas etapas. A primeira foi finalizada em setembro do ano passado e a segunda tem previsão de término em 2017.
Foram construídos 15,5 quilômetros de adutoras, que irão levar água das duas unidades de captação instaladas no Ribeirão Piancó até a Estação de Tratamento de água de Anápolis, que também será ampliada, aumentando a capacidade de produção para 1.200 litros por segundo. Para fazer a distribuição de todo o volume produzido, já foram construídos mais de 20 quilômetros de adutoras de água tratada, que alimentarão seis novos reservatórios, aumentando a capacidade de armazenamento do município para 40 milhões de litros.
A Saneago e o Governo de Goiás estão concluindo as obras de ampliação do Sistema de Abastecimento de Água de Anápolis, uma solução definitiva para a questão do abastecimento no município. A capacidade de produção está sendo ampliada em 50%, com a produção de mais de 4,3 milhões de litros de água a cada hora, volume suficiente para garantir o abastecimento para a população anapolina até o ano de 2035, evitando desperdícios, e também promove reflexão sobre os investimentos que devem ser realizados por parte do Poder Público a longo prazo para evitar o problema de desabastecimento.
Formosa
A construção da Barragem do Córrego Bandeirinha, em Formosa, no Entorno do Distrito Federal, uma das maiores do gênero no interior do Estado, vai ampliar o sistema de abastecimento no município. As adutoras e o reservatório com capacidade para 1,5 milhão de litros, que serão interligados à barragem, já foram concluídos. A obra permitirá até o ano de 2036 o pleno fornecimento de água à população.
Entorno Sul
A universalização no fornecimento de água tratada será uma realidade para diversas cidades goianas no Entorno Sul do Distrito Federal a partir de 2016. A região será contemplada com a entrada em operação do Sistema Produtor Corumbá, obra que envolve R$ 350,8 milhões em investimentos financeiros e permitirá a produção de 2,8 mil litros de água por segundo. O projeto é uma iniciativa dos governos de Goiás e do Distrito Federal, executada por meio do Consórcio Corumbá: Saneamento de Goiás S.A. (Saneago) e Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).
Os municípios abrangidos pelo benefício são Novo Gama, Luziânia, Valparaíso de Goiás e Cidade Ocidental (GO), além de Santa Maria e Gama (DF). As obras incluem a captação de água no reservatório Corumbá 4 e estação de bombeamento em Luziânia, uma adutora de 28 quilômetros de extensão e 1,2 mil milímetros de diâmetro até a nova Estação de Tratamento de Água – em implantação no município de Valparaíso de Goiás –, equipamentos e energização das unidades, bem como regularizações fundiárias necessárias.
Rio Verde
Com a população de mais de 200 mil habitantes, a cidade localizada no Sudoeste goiano é atualmente abastecida por dois mananciais: Ribeirão Abóbora e Córrego Laje, que produzem juntos 510 litros por segundo. Para atender à crescente demanda do município, a Saneago e o Governo do Estado estão implantando o Sistema Rio Verdinho, com investimentos previstos de R$ 70 milhões. O projeto prevê a instalação de uma captação de água bruta no Rio Verdinho e uma estação de tratamento, além de 6,6 quilômetros de adutoras e 13 novos reservatórios, com capacidade para armazenar 15,8 milhões de litros.
Itumbiara
Situada no Sul goiano, Itumbiara, com cerca de 100 mil habitantes, tem um dos mais completos sistemas de saneamento básico do Estado. Segundo a Saneago, 97% dos moradores recebem água tratada em casa. O município é abastecido pelo Ribeirão Santa Maria e por oito poços artesianos, que juntos produzem 420 litros de água por segundo. Com a capacidade de armazenamento de 12,6 milhões de litros de água, o sistema de reservação do município é interligado a um sistema de comunicação que garante o controle dos níveis das unidades de armazenamento, enviando informações para uma central de monitoramento instalada na Estação de Tratamento de Água. Já está pronto o projeto para a construção da nova captação no Rio Paranaíba que substituirá o atual sistema que é feito no Ribeirão Santa Maria. A obra será feita em parceria entre o Governo do Estado, através da Saneago, e Prefeitura de Itumbiara. A área para a construção da nova captação já foi comprada.
Porangatu
A cidade no Norte goiano tem mais de 44 mil habitantes e é abastecida pelo Ribeirão Funil e por quatro poços artesianos que, juntos, produzem 130 litros de água por segundo. O sistema de abastecimento possui ainda duas barragens, uma de acumulação, que funciona como um reservatório, e outra de captação de água. Para aumentar a capacidade de reservação, foram implantadas na captação, cinco comportas que funcionam para reter a água, mantendo sempre o reservatório em nível máximo.
Mudança de hábitos é palavra de ordem
Diante do cenário enfrentado em São Paulo e outros estados do País, segundo o superintendente Luiz Novo, é preciso haver, de imediato, a sensibilização da população para a mudança de hábitos de consumo, com a finalidade de repensar a relação com a água. “Devemos evitar esses atos como lavar a calçada, lavar o quintal, aguar planta com água tratada. Precisamos mudar isso no nosso dia a dia. Tentar reduzir o tempo do banho, fechar a torneira quando está ensaboando o corpo ou passando xampu no cabelo. São pequenos atos que não são atitudes difíceis que vão sacrificar demais a população, mas vão reduzir o consumo. A gente pode aprender com a situação crítica dos nossos colegas paulistas”, recomenda.
Perdas
Goiás ocupa o segundo lugar no ranking de estados que menos sofrem perdas d´água, como vazamentos e ligações clandestinas por exemplo, conforme dados do Sistema Nacional de Informações do Saneamento Básico do Ministério das Cidades. Nosso Estado só perde para o Distrito Federal. “A nossa área técnica foi desenvolvendo ao longo do tempo, medidas para evitar os desperdícios como automação dos equipamentos para reduzir o índice de perdas. E o nosso objetivo é reduzir ainda mais para continuarmos na vanguarda”, conclui.