SAÚDE

Iris recebia pessoas no escritório quando sentiu-se mal, diz assessoria

Ex-prefeito passa por cirurgia para tratar de AVC na tarde desta sexta-feira

Ex-prefeito Iris Rezende (Foto: Reprodução)

O ex-prefeito Iris Rezende (MDB) recebia pessoas no seu escritório na manhã desta sexta (6) no momento em que sentiu-se mal e pediu para ser levado ao hospital, onde recebeu o diagnóstico de AVC. A informação é da assessoria do ex-prefeito. Iris chegou ao Hospital Neurológico por volta das 11h30. 

Por volta das 13h30, surgiu a informação de que o ex-prefeito seria submetido a uma cirurgia. O governador Ronaldo Caiado (DEM) conversou o neurocirurgião Valter Costa e noticiou nas redes sociais que a intervenção seria necessária. 

Família e amigos estão no hospital à espera de boletim médico. 

Conheça a carreira e a história de Iris Rezende

Internado na manhã desta sexta-feira em função de um AVC hemorrágico, o ex-governador e ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (MDB) tem uma história que se confunde com a história do Estado no século passado e início deste século. 

Iris é o mais longevo e bem-sucedido político da história de Goiás. Iniciou a carreira aos 16 anos, como candidato a vereador em Goiânia pelo PTB. Foi presidente da Câmara Municipal. Em 1966, foi eleito para o primeiro dos seus quatro mandatos de prefeito. Esta passagem de Iris pela prefeitura foi interrompida antes da hora pelo regime militar que começava naquela época, e que escolheu Leonino Caiado para ser o prefeito interventor na Capital.

Carreira e a história de Iris interrompidas pela ditadura

A trajetória política de Iris ficou sobrestada até o ocaso da ditadura. Embalado pelo crescimento do único partido de oposição nos anos 1980, o PMDB, Iris liderou a campanha pelas eleições diretas para presidente da República (Diretas Já) em Goiás e elegeu-se governador em 1982. Como uma estrelas do PMDB, foi convidado pelo então presidente José Sarney para ser ministro da Agricultura cargo que ocupou entre 15 de fevereiro de 1986 a 14 de março de 1990.

Ao fim do seu primeiro mandato como governador, Iris bancou a candidatura do então aliado Henrique Santillo a governador. Santillo elegeu-se, mas a relação entre os dois logo azedou e o PMDB cindiu. Surgiria uma dissidência da qual faria parte, por exemplo, o futuro governador Marconi Perillo. Santillo teve quatro anos difíceis como governador, pressionado por Iris – que voltaria ao cargo em 1991.

Tanto o primeiro quanto o segundo mandato de Iris no governo foram embalados pelo forte crescimento do agronegócio, que impulsionou a arrecadação do Estado. O governo fez sua parte abrindo e pavimentando rodovias importantes para escoamento da produção. O programa mais marcante das suas administrações é o mutirão da casa própria. Em entrevistas, Iris disse que, com a mão de obra das pessoas da região, foram construídas mil casas em um único dia.

Em 1994, Iris foi eleito senador e apoiou a candidatura do seu vice, Maguito Vilela, a governador. Após três anos de mandato, aceitou convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e virou ministro da Justiça. Ficou na pasta entre maio de 1997 e abril de 1998). O ex-prefeito desincompatilizou-se do ministério para enfrentar a eleição em que sofreria a maior derrota da sua carreira política.

Iris perde eleição para Marconi

Em 98, Iris apresentou-se como franco favorito para renovar o ciclo de poder do PMDB, que havia começado com ele próprio em 1983. O sentimento foi de surpresa quando Maguito disse que não seria candidato à reeleição para apoiar Iris (que largou com mais de 70% das intenções de voto). Contra ele havia um pequeno grupo de políticos do PP e do PSDB – alguns oriundos do santillismo. Um deles era Marconi Perillo (PSDB).

A derrota de Iris para Marconi ainda é o episódio mais cinematográfico da história política de Goiás. Marconi conduziu uma campanha com o discurso pautado na renovação e no combate ao que ele chamava de panelinha. Iris perdeu a dianteira nos últimos dias do primeiro turno e a derrota se consolidou no segundo. Os dois anos seguintes foram de reclusão em suas fazendas. Nem as famosas festas de aniversário, em que recebia milhares de pessoas com galinhada, churrasco e bebidas, foi promovida.

Iris tenta retomar carreira como candidato ao Senado

Dois anos depois, Iris levantou a poeira e se lançou candidato ao Senado. Veio então o segundo revés. Ele foi derrotado por Demóstenes Torres (PFL) e Lúcia Vânia (PSDB). O meio político pensava que aquele era o fim da carreira política de Iris. Mas, em vez de se aposentar, ele optou por dar um passo atrás e disputar a prefeitura de Goiânia. Venceu Pedro Wilson (PT) e consagrou-se prefeito pela segunda vez. 

Iris foi reeleito com absoluta tranquilidade. Em meados do terceiro mandato, renunciou para disputar o governo outra vez com Marconi. O PSDB triunfou de novo, mas a popularidade de Iris permaneceu alta a ponto de ele conseguir pavimentar a eleição do prefeito Paulo Garcia (PT), que por alguns anos foi o seu vice. 

Iris e Paulo começaram a se desentender desde os primeiros meses do mandato do petista. Mas não houve troca pública de ataques. O que se passou nesse período foi uma guerra fria que durou três anos e só chegou a termo no momento em que Iris anunciou que seria candidato a prefeito (pela última vez) e disse que havia sido um erro apoiar Paulo. 

Em agosto de 2020, Iris anunciou que não seria candidato à reeleição. Foi quando o MDB decidiu lançar a candidatura de Maguito Vilela a prefeito. Maguito venceu, mas morreu em janeiro de 2021.