Mistério

Irmão de Vanusa revela que causa da morte foi traumatismo craniano

“A causa da morte de Vanusa foi traumatismo craniano”. É o que afirma, Darcio da…

“A causa da morte de Vanusa foi traumatismo craniano”. É o que afirma, Darcio da Cunha Ferreira (46), irmão da motorista de aplicativo (36) desaparecida na última sexta-feira (18) e cujo corpo foi encontrado no Jardim Copacabana, em Goiânia, na tarde de domingo (20). “Não me deixaram vê-la no IML, pois já estava em situação de decomposição, o reconhecimento teve que ser feito por meio do cabelo e também das impressões digitais”, revela. Agora, a família prepara o funeral da condutora, que ocorrerá em uma Igreja Católica do Setor Finsocial, região Noroeste da capital.

De lá, o corpo da motorista seguirá para a cidade de Itapirapuã, onde será sepultada no mesmo jazigo de seu pai. “Estamos aguardando a funerária encostar para levar o corpo, mas a intenção é leva-la para a cidade da minha mãe o quanto antes”. Vanusa era a caçula de cinco irmãos e deixa uma filha de 18 anos, além da namorada Juliana Pereira (40). O funeral será custeado por Kauan, da dupla sertaneja com Matheus, que se sensibilizou com a história. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do cantor.

Darcio afirma que a Polícia Civil está tomando providências para deter e ouvir os suspeitos do crime. “Já colheram digitais no carro e estão realizando buscas. Não podemos acusar ninguém sem ter a devida certeza. Porém, desconfiamos de seu último passageiro, um tal de Camargo, que lhe devia cerca de R$ 1,3 mil. Se tiver sido ele, agora não vai ter que pagar mais, né”, lamenta. O Mais Goiás tentou contato com a delegada Mayana Resende, da Delegacia de Investigações Criminais, porém ela estava realizando oitivas referentes ao caso e não pôde atender.

Suspeitas

Por outro lado, segundo Juliana, companheira de Vanusa, confirma as suspeitas contra Camargo, empresário de duplas sertanejas. “Ele era um cliente da confiança da motorista, que inclusive lhe fazia corridas ‘fiado’. Ele era agente de uma dupla sertaneja, a qual Vanusa foi buscar na rodoviária naquela sexta para conduzi-los até uma casa de shows chamada ‘A Sertaneja’, no Jardim Novo Mundo”.  Para Juliana, eles foram as últimas pessoas a verem Vanusa com vida”.

Ela explica que a namorada – que também era enfermeira – trabalhou no Hugol naquela noite e, de lá, foi à rodoviária para o compromisso particular. “Por volta das 19h, ela me fez uma vídeochamada. Disse que estava com saudades, que queria me ver e depois foi trabalhar. Continuamos trocando mensagens até 2h05 de sábado (19), quando ela afirmou que a dupla subiria no palco. ‘Vou filmar e te envio’, disse. Fiquei preocupada porque meu combinado com ela era de que os deixaria na boate às 2h e iria para casa. Dormi e horas depois acordei sem nenhuma mensagem dela, que acessou o aplicativo pela última vez às 4h16. O vídeo também não estava lá”.

No outro dia, sem sinais da namorada, Juliana ficou aflita. Ligou para Vanusa, que não atendeu. “Pensei, ela deve ter chegado tarde em casa e só dormiu. Mas o dia foi passando e nada dela entrar em contato. Aí fiquei nervosa, liguei para amigas e familiares, que também não sabiam de seu paradeiro. Foi aí que resolvemos chamar a polícia”.

Buscas e versões

A colega de trabalho e amiga de Vanusa, Daniela Ferreira, foi uma das pessoas que tentaram localizar a motorista. “Consegui contato com Camargo, via telefone, mas ele apresentou versões distintas. Na primeira ligação, ele disse que ela os tinha deixado às 6h, no Setor Universitário, não mencionaram onde. Pedi que a gente se encontrasse porque ela estava sumida. Ele se negou, dizendo que tinha bebido muito e precisava dormir e desligou.

Na sequência, Daniela se dirigiu à delegacia com familiares para registrar um boletim de ocorrência. “Liguei pra ele novamente assim que saímos de lá (sic). Dessa vez ele disse que tinham desembarcado às 5h30, perto da Mabel”. O local fica nas imediações de onde o carro de Vanusa foi encontrado abandonado pela PC.

O último contato com o empresário ocorreu no domingo. “Me mandou um áudio, dizendo que tinha saído do carro quando viu outra moça entrando para uma corrida. Depois disse tentei falar com ele outras vezes, mas ele afirmou que só iria falar com a polícia e que não iria se encontrar com ninguém”.

O Mais Goiás teve acesso ao telefone de Camargo, mas ele não atendeu as ligações. A redação também tentou contato com a casa de Show A Sertaneja, mas as ligações também não foram completadas.

Este portal, entretanto, teve acesso a áudios em que o Camargo fala sobre a corrida. Segundo ele, que se refere a Vanusa como Vanessa, afirma que nunca teve problemas com a motorista “que é muito legal e nunca falhou”. Ele ainda reforça ter “bebido muito” durante a madrugada, mas que a vítima os teria deixado em um local próximo à Mabel, por volta das 3h30/4h.

Nas gravações, Camargo ainda revelou que Vanusa chegou a conversar com “uma pessoa” na boate, mas que ele não havia prestado atenção. “Por onde a gente vai, ela sempre dá notícia para a namorada. É muito bom passar essas informações, eu mesmo falava isso pra ela”. Ouça:

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Amizade e segurança

“Uma pessoa cuidadosa, responsável, trabalhadeira e amorosa”. É assim que a namorada e amigas da motorista de aplicativo definem Vanusa. Chocadas com o crime, Suely Santiago (57) e Aline Vargas (40), que também eram colegas de trabalho da vítima, agora se perguntam se esta é realmente a profissão que desejam seguir.

Segundo Suely, todas elas integram um grupo de mensagens denominado Uber Girls, utilizado para compartilhar rotas e para que colegas pudessem monitorar umas às outras durante o expediente. “Sempre nos reunimos para tratar de segurança e tomamos todas as precauções, mas, lamentavelmente, não pudemos evitar essa tragédia”.

Da esquerda, Aline, Suely e Vanusa (Foto: arquivo pessoal)

Aline, por sua vez, se revela profundamente atingida com a morte de uma de suas melhores amigas. “Minha cabeça está a mil, estou a base de calmante. Fazíamos reunião todo mês para nos precavermos. É perigoso para todo mundo, mas mulher é mais vulnerável. Não gosto nem de ficar lembrando dela naquele estado. Era uma mulher guerreira, honesta, certinha, companheira. Me conhecia mais que minha filha e irmã. A gente era muito amiga”.

Com a morte da amiga, Aline afirma que vai repensar o serviço. “Já não estava rodando muito. A gente pensa em largar, mas não sabemos o dia de amanhã. Estou muito chateada com tudo. Esse mundo tem muita gente com falta de amor”.