‘Iterley está pobre’, afirma delegado
Traficante procurado há oito anos vivia em casa humilde e sem qualquer conforto em Fortaleza
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“Como uma pessoa que dizem ser megatraficante estaria na fila para ganhar uma cadeira de rodas para a esposa”? Com essa pergunta o delegado Alécio Moreira, titular da Delegacia Estadual de Repressão aos Narcóticos (Denarc) iniciou a apresentação à imprensa do traficante Iterley Martins de Souza, o “Magrelo”, de 32 anos, que foi preso na última segunda-feira em Fortaleza, no Ceará, cidade onde há dois anos vivia com a esposa, que é paraplégica, e dois filhos pequenos.
Apesar de ter descoberto que Iterley passa por um mal momento financeiro, morando em uma casa humilde e ao lado de uma favela no Setor Vila Velha em Fortaleza, Alécio Moreira diz ter indícios de que ele, mesmo de longe, continuava comandando algumas bocas de fumo em Goiânia. “O problema, conforme ele mesmo relatou, é que muitos dos traficantes que trabalham pra ele foram executados”, contou o delegado.
Há duas semanas agentes da Denarc, que seguiam os rastros do traficante desde abril, conseguiram localizá-lo em Fortaleza, e desde então aguardavam o momento certo para capturá-lo. Quando foi abordado, Iterley apresentou aos agentes uma CNH falsa em nome de Igor Batista de Oliveira. De acordo com o que descobriu a polícia, Iterley vivia naquela cidade há pelo menos dois anos como comerciante, morava de aluguel, era dono de uma camionete Frontier e tinha uma pequena loja de calçados.
Para a imprensa, Iterley disse que fugiu de Goiânia em 2008 porque temia por sua vida, reclamou por ter sido condenado à revelia, e afirmou que atualmente estava longe do crime. “A única coisa que eu faço é cuidar da minha família. Não tenho nenhuma relação com esse Thiago Topete e não sei porque estão atribuindo tantas mortes à mim. Não mandei matar ninguém, quero pagar o que devo e sair de cabeça erguida da cadeia”, afirmou.
Com o traficante, a polícia apreendeu três aparelhos de telefone celular que já estão sendo periciados. O titular da Denarc disse que há sim a suspeita de que uma guerra provocada pela disputa por pontos de vendas de drogas na Região Sudoeste entre membros da quadrilha dele e de Thiago Topete tenha feito mais de 50 vítimas nos últimos anos em Goiânia, mas afirmou que estes crimes estão sendo apurados pela Delegacia Estadual de Investigações Homicídios. Iterley tem contra si sete Mandados de Prisão Preventiva, sendo três por tráfico e um por assassinato, além de duas condenações, uma de seis anos por tráfico e outra de 46 anos por assassinatos.