Disfunção erétil

João de Deus afirma sofrer de impotência sexual em interrogatório no MP

Alegação visa contestar afirmação das três vítimas declaradas, cujos depoimentos compõem primeiro inquérito do órgão contra o médium. Líder, entretanto, tem 11 filhos, a mais nova com três anos de idade

Além de reforçar não se lembrar de nenhuma das vítimas declaradas de abuso sexual sobre as quais foi indagado pelo Ministério Público (MP) e ainda sublinhar não ter cometido nenhum crime, João de Deus afirmou, em depoimento na quarta-feira (26), sofrer com disfunção erétil. Segundo a defesa, o problema existe “há anos”, em razão do tratamento contra um câncer de estômago. A impotência sexual é um novo argumento utilizado pelo líder espiritual para combater as acusações que o afligem.

De acordo com o advogado Alex Neder, que compõe a defesa de João ao lado de Alberto Toron e, mais recentemente, Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, esse é um “assunto pessoal” o qual precisou ser compartilhado para “demonstrar que, nem se quisesse, [o médium] teria a possibilidade de cometer os abusos. Fisiologicamente, ele não tem condição”. Kakay também é advogado de Marconi Perillo.

Por outro lado, João de Deus tem 11 filhos, frutos de dez uniões distintas. Com a décima e atual mulher, a advogada Ana Keyla Teixeira Lourenço – que é 40 anos mais jovem que o marido -, o médium teve a filha caçula, atualmente com três anos de idade. Neder, entretanto, não soube dizer há quanto tempo o quadro de impotência é enfrentado pelo curandeiro, assim como não teve condições de determinar quais foram os métodos de concepção.

Fim do inquérito

O interrogatório de quarta (26) faz parte de um inquérito a ser finalizado nesta sexta-feira (28), de acordo com a assessoria do Ministério Público. Foram colhidos formalmente 78 depoimentos. O órgão considerou apenas três das 506 denúncias recebidas, mas não descarta a possibilidade de novas convocações, que ainda não foram agendadas e não há perspectiva de realização de um último depoimento antes do fim de 2018.

Ainda segundo a assessoria do MP, o teor da denúncia a ser oferecida ainda é desconhecido e pode mudar a qualquer instante, já que o documento não está pronto. Com o recesso do Poder Judiciário, que só funciona a partir do meio-dia, promotores deverão protocolar a acusação na tarde de sexta no Tribunal de Justiça goiano. Promotores deverão se manifestar sobre o caso depois disso.

Deic

A Polícia Civil goiana também não descarta a possibilidade de ouvir João de Deus mais vezes. A corporação também deve realizar mais diligências em endereços associados ao médium. No entanto, a assessoria da PC afirma que o caso é sigiloso e que mais informações serão divulgadas assim que possível, medida necessária para não comprometer o inquérito.

Na quarta (26), Ana Keyla foi ouvida na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde o marido se entregou no último 16/12. De acordo com a delegada Paula Meotti, que conduziu o interrogatório ao lado da colega Karla Fernandes, Ana Keyla foi ouvida porque é considerada uma figura central na história, como esposa do médium, e também para confrontar as apreensões de dinheiro e armas na casa em que moravam em Abadiânia.

Delegadas (Foto: João Paulo Alexandre, do Mais Goiás)

No depoimento, a mulher negou já ter visto o marido portando armas e também rechaçou as denúncias de abuso sexual. “Ela negou totalmente que soubesse que da existência de arma. Negou que já tivesse visto o marido portando ou escondendo arma de fogo e chegou a alegar que, em razão da presença da filha na casa ela não permitiria que armas ficassem no local”, destaca.